Tente sentir, por um minuto, a situação do povo palestino que tem de fugir da sua terra, expulso pela força de tiros e bombardeios aéreos, depois de ver familiares e amigos seus serem covardemente trucidados pelo exército extremamente sanguinário de Israel.
Uma vez em fuga (alguns apenas com a roupa do corpo), tenta atravessar a fronteira de um país vizinho, que geralmente, naquela região, fica no meio do deserto, e alguns desses países vizinhos lhe impede a passagem.
Não podendo voltar para não ver assassinados os que restaram vivos de sua família e amigos, estaciona ali e passa a viver por anos, da ajuda humanitária da ONU, suportando temperaturas de mais de cinquenta graus durante o dia e abaixo de zero a noite, sob tendas de dez metros quadrados, sob constante ameaça das monstruosas tempestades de areia, cobras e escorpiões do deserto.
Quando o Brasil o resolve acolher, lhe diz ter toda uma estrutura montada que vai lhe permitir reconstruir a vida.
Depois de desembarcados no Brasil, os dias vão passando, a estrutura prometida não funciona, não sai do papel, conforme prometida. Tentam subsistir por conta própria, com a diferença de que nós, pelo menos, falamos português e ele, o árabe.
Sem a estrutura prometida e um auxilio financeiro insuficiente, no dia a dia, aqui, sua opção mais lógica e priorizar a subsistência em detrimento de frequentar as inadequadas e escassas aulas de português e sofre com a impossibilidade de se comunicar para conseguir um emprego, para comprar algo numa loja, para um atendimento médico e o que antes era uma esperança de vida transforma-se em morte, como de fato se transformou por duas vezes, nesses 22 meses que estão em Mogi e alguns estão doentes e, repito: sem assistência médica. - A estrutura prometida não previu que eles precisariam de tradutores?
Sofre por ter de carregar o estigma de refugiado, sofre com a rejeição de muitos da sociedade local que não conhecem sua história, ou conhece apenas a versão apresentada pelos covardes invasores da sua terra, e por isso o rejeita. Sofre com a rejeição (ainda que velada) de um povo que não conhece seu idioma, sua religião, sua cultura totalmente diferentes da nossa.
Depois, descobre que se tornou refém, durante dez anos proibido de sair do Brasil, no caso de não ser possível se adaptar na nossa sociedade, o que normalmente acontece quando um refugiado de lingua árabe é enviado para um país de lingua latina.
Essa é a saga do povo palestino, a maior etnia de refugiados do mundo, a maior catástrofe humanitária da história, causada pela bestialidade humana. E quem os procurar conhecer, verá que são pessoas respeitosas, gentis e amigas verdadeiras.
Minha sugestão a todos que não conhecem a verdadeira história da catástrofe que vive o povo palestino é que procurem conhecer os refugiados, ouça sua versão para não ficar apenas com a versão dos seus algozes.
Vocês terão nos palestinos os melhores amigos de suas vidas.
Um comentário:
É um absrudo o que a mídia, nosso sistema e a ignorância fazem. Simplesmente parecem não se importar com as reais necessidades dos refugiados e, quando fazem algum discurso, é vazio. Essa realidade tem de ser cada vez mais divulgada.
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