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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CONFORME SUA PALAVRA EMPENHADA, KHADAFI MORREU COMBATENDO, DEFENDENDO O POVO LÍBIO DA INSANIDADE IMPERIALISTA

KHADAFI MORREU COMBATENDOCOM DIGNIDADE E COERÊNCIA

Miguel Urbano Rodrigues

A foto divulgada pelos contra-revolucionários do CNT elimina dúvidas: Muamar Khadafi morreu.

Notícias contraditórias sobre as circunstâncias da sua morte correm o mundo, semeando confusão. Mas das próprias declarações daqueles que exibem o cadáver do líder líbio transparece uma evidência: Khadafi foi assassinado.

No momento em que escrevo, a Resistência líbia ainda não tornou pública uma nota sobre o combate final de Khadafi. Mas desde já se pode afirmar que caiu lutando.

A midia a serviço do imperialismo principiou imediatamente a transformar o acontecimento numa vitória da democracia, e os governantes dos EUA e da União Europeia e a intelectualidade neoliberal festejam o crime, derramando insultos sobre o último chefe de Estado legitimo da Líbia.

Essa atitude não surpreende, mas o seu efeito é oposto ao pretendido: o imperialismo exibe para a humanidade o seu rosto medonho.

A agressão ao povo da Líbia, concebida e montada com muita antecedência, levada adiante com a cumplicidade do Conselho de Segurança da ONU e executada militarmente pelos EUA, a França e a Grã Bretanha deixará na História a memória de uma das mais abjectas guerras neocoloniais do início do século XXI.

Quando a OTAN começou a bombardear as cidades e aldeias da Líbia, violando a Resolução aprovada sobre a chamada Zona de Exclusão aérea, Obama, Sarkozy e Cameron afirmaram que a guerra, mascarada de «intervenção humanitária», terminaria dentro de poucos dias. Mas a destruição do país e a matança de civis durou mais de sete meses.

Os senhores do capital foram desmentidos pela Resistência do povo da Líbia. Os «rebeldes», de Benghazi, treinados e armados por oficiais europeus e pela CIA, pela Mossad e pelos serviços secretos britânicos e franceses fugiam em debandada, como coelhos, sempre que enfrentavam aqueles que defendiam a Líbia da agressão estrangeira.

Foram os devastadores bombardeamentos da OTAN que lhes permitiram entrar nas cidades que haviam sido incapazes de tomar. Mas, ocupada Tripoli, foram durante semanas derrotados em Bani Walid e Sirte, baluartes da Resistência.

Nesta hora em que o imperialismo discute já, com gula, a partilha do petróleo e do gás libios, é para Muamar Khadafi e não para os responsáveis pela sua morte que se dirige em todo o mundo o respeito de milhões de homens e mulheres que acreditam nos valores e princípios invocados, mas violados, pelos seus assassinos.

Khadafi afirmou desde o primeiro dia da agressão que resistiria e lutaria com o seu povo ate à morte.

Honrou a palavra empenhada. Caiu combatendo.

Que imagem dele ficará na História? Uma resposta breve à pergunta é hoje desaconselhável, precisamente porque Muamar Khadafi foi como homem e estadista uma personalidade complexa, cuja vida reflectiu as suas contradições.

Três Khadafis diferentes, quase incompatíveis, são identificáveis nos 42 nos em que dirigiu com mão de ferro a Líbia.

O jovem oficial que em 1969 derrubou a corrupta monarquia Senussita, inventada pelos ingleses, agiu durante anos como um revolucionário. Transformou uma sociedade tribal paupérrima, onde o analfabetismo superava os 90% e os recursos naturais estavam nas mãos de transnacionais americanas e britânicas, num dos países mais ricos do mundo muçulmano. Mas das monarquias do Golfo se diferenciou por uma politica progressista. Nacionalizou os hidrocarbonetos, erradicou praticamente o analfabetismo, construiu universidades e hospitais; proporcionou habitação condigna aos trabalhadores e camponeses e recuperou para uma agricultura moderna milhões de hectares do deserto graças à captação de águas subterrâneas.

Essas conquistas valeram-lhe uma grande popularidade e a adesão da maioria dos líbios. Mas não foram acompanhadas de medidas que abrissem a porta à participação popular. O regime tornou-se, pelo contrário, cada vez mais autocrático. Exercendo um poder absoluto, o líder distanciou-se progressivamente nos últimos anos da política de independência que levara os EUA a incluir a Líbia na lista negra dos estados a abater porque não se submetiam. Bombardeada Tripoli numa agressão imperial, o país foi atingido por duras sanções e qualificado de «estado terrorista».

Numa estranha metamorfose surgiu então um segundo Khadafi. Negociou o levantamento das sanções, privatizou empresas, abriu sectores da economia ao imperialismo. Passou então a ser recebido como um amigo nas capitais europeias. Berlusconi, Blair, Sarkozy, Obama ,Sócrates receberam-no com abraços hipócritas e muitos assinaram acordos milionarios , enquanto ele multiplicava as excentricidades, acampando na sua tenda em capitais europeias.

Na última metamorfose emergiu com a agressão imperial o Khadafi que recuperou a dignidade.

Li algures que ele admirava Salvador Allende e desprezava os dirigentes que nas horas decisivas capitulam e fogem para o exílio.

Qualquer paralelo entre ele e Allende seria descabido. Mas tal como o presidente da Unidade Popular chilena, Khadafi, coerente com o compromisso assumido, morreu combatendo. Com coragem e dignidade.

Independentemente do julgamento futuro da História, Muamar Khadafi será pelo tempo afora recordado como um herói pelos líbios que amam a independência e liberdade. E também por muitos milhões de muçulmanos.

A Resistência, aliás, prossegue, estimulada pelo seu exemplo.

Pela liberdade, justiça e dignidade dos presos políticos palestinos

As organizações da sociedade civil brasileira abaixo assinadas solidarizam-se com os presos políticos palestinos em greve de fome desde 27 de setembro de 2011 e exigem justiça, dignidade e liberdade aos detidos. Sua luta é contra as condições desumanas a que estão submetidos nos cárceres israelenses, as quais têm se deteriorado ainda mais nos últimos meses. A punição coletiva por parte de Israel vem se agravando, e não poupa nem mesmo os muitos que estão à espera de julgamento e os cerca de 200 em prisão administrativa. A tortura sistemática, a humilhação cotidiana, inclusive nas inspeções, o confinamento prolongado, a negação de visitas até mesmo de advogados, a não permissão de reagrupamento familiar, a violação de direitos humanos fundamentais, como à educação, têm sido a regra.
Contra esse regime de opressão, a greve foi iniciada e conta com a adesão de diversas lideranças, de vários partidos e organizações. As mulheres também estão participando do movimento. Como punição, todos têm sofrido repressão, isolamento, transferências arbitrárias e maus tratos. Numa tentativa de desmobilização, muitos líderes têm sido deslocados para paradeiros desconhecidos. Essas práticas comuns têm sido intensificadas com o intuito de quebrar a resistência manifestada com a greve de fome. Fazendo frente a isso, além da recusa a se alimentar, os prisioneiros anunciaram a rejeição de todas as ordens na prisão, como o uso dos uniformes, as chamadas e os horários nos centros de detenção.
As detenções ilegais são praxe por parte do Estado de Israel desde sua criação unilateral, em 1948. Segundo a Adameer – Associação de Direitos Humanos e Apoio aos Prisioneiros Palestinos divulga em seu site, somente de 1967 para cá mais de 650 mil palestinos já foram detidos – ou seja, pouco menos de 20% do total da população dos territórios ocupados naquele ano, durante a chamada Guerra dos Seis Dias. Atualmente, calcula-se que estejam nos cárceres israelenses cerca de 7 mil cidadãos palestinos, entre os quais 340 crianças e 120 mulheres. Por volta de 115 presos encontram-se há mais de 20 anos nessas cadeias e 26, há mais de 25 anos.
Conforme a Adameer, cerca de 24 centros de detenção, cinco centros de interrogação, sete casas de detenção, três campos militares e nove outras prisões na Cisjordânia e Gaza integram o complexo do aparelho repressivo do Estado israelense. Em todos, a violação às convenções de Genebra, sobretudo quanto ao tratamento digno às pessoas nessas condições, é comum.
A solidariedade internacional é fundamental para denunciar esse estado de coisas. Exigimos respeito aos direitos humanos dos presos políticos palestinos em greve de fome e a libertação imediata de todos os detidos, bem como a intervenção da Cruz Vermelha Internacional neste momento. Esperamos que as vozes a partir do Brasil sejam ouvidas para garantir a dignidade desses cidadãos e cidadãs e impedir a contínua punição coletiva e maus tratos.

Frente em Defesa do Povo Palestino
Anel - Assembleia Nacional dos Estudantes - Livre
Associação Islâmica de São Paulo
Centro Cultural Árabe-Palestino Brasileiro de Mato Grosso do Sul
Centro Cultural Árabe-Palestino do Rio Grande do Sul
Ciranda Internacional da Informação Independente
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
Comitê Democrático Palestino no Brasil
CSP-Conlutas - Central Sindical e Popular-Coordenação Nacional de Lutas
CUT - Central Única dos Trabalhadores
Intersindical
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Mopat - Movimento Palestina para Tod@s
PCB - Partido Comunista Brasileiro
PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Sociedade Árabe-Palestina de Corumbá
Sociedade Árabe-Palestina de Brasília
Sociedade Árabe-Palestina de Chuí
Sociedade Árabe-Palestina de Santa Maria
UNI - União Nacional das Entidades Islâmicas

Nos porões de Israel



quarta-feira 19 de outubro de 2011, por Soraya Misleh

No momento em que se realiza a primeira parte do acordo entre o Hamas e o Governo de Israel para troca de 1.027 prisioneiros políticos palestinos – com a libertação de 477 desses, incluindo 27 mulheres – pelo soldado Gilad Shalit, uma outra luta entra em fase decisiva.

Contra as condições desumanas a que estão submetidos nos cárceres israelenses, as quais têm se deteriorado ainda mais nos últimos meses, centenas dos mais de 6 mil que continuam detidos estão em greve de fome desde 27 de setembro último. Além da recusa a se alimentar, eles vêm rejeitando todas as ordens na prisão, como o uso dos uniformes, as chamadas e os horários nos centros de detenção.

Em 18 de outubro, anunciaram sua primeira vitória: a conquista de um termo de compromisso que prevê, entre outros pontos, o fim do isolamento e confinamento prolongados, a restauração de direitos à comunicação, visita e educação, suspensos após a captura de Shalit em junho de 2006 pelo Hamas. No aguardo de que o acordo seja concretizado, os presos políticos palestinos decidiram pela suspensão da greve de fome nos próximos três dias. Contudo, lideranças como Ahmad Saadat, da Frente Popular pela Libertação da Palestina, não voltaram a se alimentar, para assegurar que o acerto seja cumprido. No site Free Ahmad Saadat, que divulga campanha por sua libertação, consta que, mesmo hospitalizado após ter-lhe sido recusado, assim como a outros manifestantes, na prisão o sal – único item que vinha consumindo, juntamente com água –, ele se manteve firme na determinação de não interromper temporariamente a greve de fome.

Antes de firmar o acordo, Israel endureceu ainda mais no trato com os prisioneiros, com transferências arbitrárias e maus tratos. O tiro aparentemente saiu pela culatra: não dobrou a espinha dos já sofridos palestinos, cujo movimento iniciado há mais de 20 anos chama atenção para a punição coletiva por parte de Israel, a qual vem se agravando, e não poupa nem mesmo os muitos que estão à espera de julgamento e os cerca de 200 em prisão administrativa (aqueles que se encontram encarcerados, embora sem acusação formal). A tortura sistemática, a humilhação cotidiana, inclusive nas inspeções, o confinamento prolongado, a negação de visitas até mesmo de advogados, a não permissão de reagrupamento familiar, a violação de direitos humanos fundamentais, como à educação, são praxe.

Detenções ilegais

Essas são comuns por parte do Estado de Israel desde sua criação unilateral, em 1948 – após a expulsão de cerca de 800 mil palestinos de suas casas e destruição de aproximadamente 500 aldeias. Segundo a Adameer – Associação de Direitos Humanos e Apoio aos Prisioneiros Palestinos divulga em seu site, somente de 1967 para cá mais de 650 mil palestinos já foram detidos – ou seja, pouco menos de 20% do total da população dos territórios ocupados naquele ano, durante a chamada Guerra dos Seis Dias.

Conforme a Adameer, cerca de 24 centros de detenção, cinco centros de interrogação, sete casas de detenção, três campos militares e nove outras prisões na Cisjordânia e Gaza integram o complexo do aparelho repressivo do Estado israelense. Em todos, a violação às convenções de Genebra, sobretudo quanto ao tratamento digno às pessoas nessas condições, é comum.

A solidariedade internacional é fundamental para denunciar esse estado de coisas e fazer cumprir o acordo firmado agora com Israel. Do Brasil, várias organizações – entre centrais sindicais, movimentos da juventude, islâmicos, de mulheres e sem terra, centros, comitês e sociedades árabes-palestinas de diversos estados e partidos políticos – aderiram a manifesto redigido pela Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo. O documento foi enviado em 18 de outubro ao Comitê da Cruz Vermelha Internacional em Brasília. Atendendo a pedido do movimento palestino, exige a intervenção dessa organização para assegurar o respeito aos direitos humanos dos presos políticos palestinos. Reivindica ainda justiça, dignidade e a libertação imediata de todos os detidos.

Os dois acontecimentos – a greve de fome e o acordo para troca de prisioneiros políticos palestinos – lançam holofotes sobre as detenções como parte da estratégia de Israel de sufocar a resistência à ocupação ilegal de territórios. Resistência essa que é direito legítimo, como reconhece a lei internacional e a própria ONU (Organização das Nações Unidas) em várias de suas resoluções.

http://www.ciranda.net/brasil/article/nos-poroes-de-israel?var_mode=calcul

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Em dia de festa, famílias se reencontram com emoção e lágrimas na Palestina


Famílias inteiras saíram às ruas receber palestinos libertados de prisões israelenses



No dia em que recuperou a liberdade, Sana’a Sh’haded fez questão de orar em homenagem ao líder Yasser Arafat


Os irmãos Omar e Jihad reencontram o pai depois de 16 anos


Um israelense por 1.027 palestinos. Dentre os prisioneiros libertados nesta terça, 285 crianças


Era a terceira vez que Omar, de 21 anos, tentava escrever seu nome e telefone em um pedaço de papel. A nova tentativa foi em vão. As mãos tremiam muito e os dedos – pálidos como o rosto – mal seguravam a caneta. Na quinta tentativa o nome saiu, em letras de forma, mas o número do celular foi anotado pelo irmão, Jihad, de 17 anos. Morador da pequena vila de Qibid, perto de Ni’lin, distrito de Ramallah, Omar conversou com o Opera Mundi enquanto aguardava a chegada do pai, Khaled, um dos 477 presos palestinos – incluindo 285 crianças – libertados por Israel nesta terça-feira (18/10). Em Israel, o soldado Gilad Shalit reviu seus familiares após cinco anos de cárcere. Na Palestina, foram centenas de reencontros.


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Há 16 anos, os quatro irmãos, duas irmãs e a mãe de Omar aguardavam a libertação de Khaled, que ficou todos esses anos em uma prisão israelense, onde deveria cumprir mais 50 anos de pena. O acordo firmado entre Israel e o Hamas, que levou à soltura do soldado israelense Gilad Shalit, mudou a história da família, que hoje retornou unida a Qibid.

“Foi muito difícil crescer sem meu pai”, contou Omar. “Eu tinha cinco anos quando ele foi preso e meu irmão mais velho, 11. Meu outro irmão tinha nove; minhas duas irmãs quatro e três e Jihad, um. Minha mãe nos criou sozinha, com muito sacrifício”, disse, orgulhoso.


As histórias de Omar se misturavam às outras contadas hoje em Ramallah, quando centenas de famílias se reencontraram, depois de anos de separação forçada. Fadeleh Atuya Ajula veio de Tulkarem, de vestido novo e cartaz na mão, recepcionar Majdi, há mais de 20 anos detida e sentenciada à prisão perpétua.


Familiares e amigos de Sana’a Sh’haded, 36, quase 10 anos de cadeia e também condenada à prisão perpétua, deram as mãos e formaram um corredor para que ela, pálida e trêmula pela emoção e pelos 20 dias de greve de fome, caminhasse amparada pelos pais até o túmulo do líder palestino Yasser Arafat, onde fez uma prece antes de seguir para casa, em Jerusalém.


Neste 18 de outubro de festa, até os funcionários públicos decidiram coletivamente tirar um dia de folga e as escolas liberaram os alunos para celebrar a chegada dos ex-prisioneiros. Antes das 09h, dezenas de milhares de pessoas já se reuniam diante do portão do centro de detenção de Ofer, área da vila de Betunya controlada pelo exército israelense.

Na grande área em frente ao Ofer, caminhões de som do Hamas, do Fatah e da FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina) tocavam os hinos dos partidos e canções que celebravam a luta palestina, além de servir de palco para líderes locais, que gritavam palavras de ordem repetidas por correligionários.


Às 11h30, a multidão começou a caminhar para a Muqata, sede da ANP (Autoridade Nacional Palestina) em Ramallah, onde, às 12h, Mahmoud Abbas recebeu os 133 ex-presos da Cisjordânia. No espaço reservado aos eventos públicos, na parte baixa do terreno à direita do túmulo de Arafat, todos se comprimiam em uma área com capacidade para até 50 mil pessoas.

“Graças a Deus vocês voltaram sãos e salvos para seus familiares e para sua pátria, depois desse afastamento forçado, causado pela luta por esta terra. Seu sacrifício, esforço e trabalho não foram em vão. Vocês verão o resultado disso tudo no Estado independente da Palestina”, discursou Abbas, capitalizando o acordo do Hamas em causa própria. Abbas também homenageou os líderes Marwan Barghouti (Fatah) e Ahmad Sa’adat (FPLP), que continuaram na prisão, agradeceu o Egito pela intermediação nas negociações e prometeu levar adiante a reconciliação entre o Fatah e o Hamas.


Pouco mais de uma hora depois, a multidão começou a se dispersar, tomando as ruas do centro de Ramallah e bloqueando completamente o trânsito. Com bandeiras, sinais de vitória, assobios e buzinaços, a comemoração se estendeu por quilômetros, até todos voltarem para casa, onde a festa continuaria até tarde da noite.


Gaza


Na Faixa de Gaza, para onde seguiu a maioria dos 477 prisioneiros libertados, a celebração na praça Al-Katiba, patrocinada pelo Hamas, reuniu cerca de 200 mil pessoas. O tráfego foi proibido nas ruas da Cidade de Gaza para que os oito ônibus vindos do Egito por Rafah, sul da faixa litorânea palestina, chegassem mais depressa. Lá, num palco enorme, Ismail Haniyeh, primeiro-ministro de Gaza, deu boas vindas aos ex-presos. Centenas deles subiram ao palco para destruir as paredes de uma cadeia simbólica.


Em Israel, o soldado Gilat Shalit, depois de afirmar ter sido bem tratado na prisão, assumiu o compromisso de trabalhar pela paz e fazer o que estiver a seu alcance para que palestinos e israelenses convivam sem conflitos.


Fotos de Baby Abrão



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domingo, 16 de outubro de 2011

Prisioneiros palestinos em Israel: a “Guerra das Barrigas Vazias”

16/10/2011, Saleh Al-Naami, Al-Ahram Weekly, Cairo http://weekly.ahram.org.eg/2011/1068/re1.htm

No silêncio geral, o som da queda de Jamal Hassan em sua cela na Prisão Shatta em Israel soou muito alto, na tarde da 6ª-feira. Quando os guardas abriram a cela, encontraram-no caído, com sangue na cabeça e inconsciente. Jamal foi levado a um hospital próximo. 31 anos, Jamal é um das centenas de prisioneiros palestinos que há nas prisões de Israel que, há 18 dias iniciaram greve de fome para protestar contra as terríveis condições a que são submetidos todos os prisioneiros. Entre outras medidas punitivas, inclui-se uma longa série de procedimentos ordenados recentemente pelo gabinete de Binyamin Netanyahu, como tentativa para pressionar o Hamás a apressar a troca de prisioneiros e desistir de suas exigências para devolver o soldado Gilad Shalit, capturado em combate (não ‘sequestrado’, como dizem os jornais ‘livres’).

Hassan, que cumpre prisão perpétua, não resistiu à desnutrição, à sede e ao confinamento em solitária. As autoridades de Israel não estão distribuindo informações sobre seu estado de saúde, enquanto fontes palestinas dizem que os israelenses estão ocultando o fato de que transferiram grande número de prisioneiros palestinos para hospitais, preocupados com a possibilidade de que notícias sobre as condições dos palestinos nas prisões israelenses desencadeie reação de indignação entre a população palestina.

Entre as medidas punitivas ordenadas por Netanyaju contra prisioneiros palestinos estão a transferência dos principais líderes para celas (de fato, são jaulas) solitárias que medem 1mx1m e 50cm de altura, onde têm de dormir, comer e fazer suas necessidades. Os israelenses também limitam os tipos de alimento servido aos prisioneiros, impedem-nos de deixar as celas e aumentaram o número de revistas (os prisioneiros são obrigados a despir-se, sob o pretexto de que poderiam esconder armas). Os prisioneiros estão sendo torturados por esquadrões especialmente treinados para tortura.

Fontes disseram a Al-Ahram Weekly que Israel está usando uma tática de ‘porrete e cenoura’ com os prisioneiros mais importantes, aumentando a tortura e os maus tratos e, simultaneamente, facilitando o contato entre eles e o Hamás, tentando fazê-los pressionar o Hamás para que reduza as exigências para devolver Shalit, em troca de melhor tratamento aos prisioneiros.

Líderes dos prisioneiros palestinos disseram que os guardas da polícia política israelense têm treinameno especial e são excepcionalmente brutais com os detentos, porque os líderes mais destacados não apenas não aceitaram o que lhes oferecem as autoridades da prisão, como, também, exigiram que o Hamás não ceda em nenhuma das exigências que fez para devolver o soldado israelense capturado em combate. Entre as exigências do Hamás estão a libertação de todos os prisioneiros condenados a penas perpétuas, além de todas as mulheres, todas as crianças e todos os doentes.

Essa ação dos líderes presos fez aumentar ainda mais a agressão aos prisioneiros. Os que estão em greve de fome só estavam ingerindo água salgada, mas, agora, as autoridades israelenses proibiram o sal nas prisões. Os prisioneiros não recebem roupas para trocar e são obrigados a cobrir-se com trapos sujos, mais uma tática de tortura, para pressioná-los psicologicamente.

Em resposta, os prisioneiros palestinos têm-se recusado a usar os uniformes distribuídos nas prisões, não saem das celas quando são convocadas as revistas gerais e interromperam qualquer contato com a administração das prisões. Os prisioneiros palestinos chamam sua luta contra a violência do estado judeu de “Guerra das Barrigas Vazias”.

Líderes de prisioneiros dizem que respondem à política de violência e opressão do estado judeu, resistindo à fome, à sede e ao confinamento em celas solitárias. Dizem que, se nem assim o estado judeu suspender as medidas ilegais e desumanas contra os prisioneiros palestinos, manterão até a morte a atual greve de fome.

Fontes disseram a nossos jornalistas que os líderes dos prisioneiros palestinos adiaram o anúncio da greve de fome, para que não coincidisse com a missão dos palestinos à ONU pelo reconhecimento do estado da Palestina. Temiam que sua luta tivesse efeito negativo com vistas àquele objetivo. As fontes dizem que as novas medidas excepcionalmente violentas contra os líderes políticos presos, e a decisão do estado judeu de expandir o confinamento em celas solitárias convenceu os prisioneiros a iniciar imediatamente a greve de fome.

As mesmas fontes disseram a esse jornal que os primeiros a iniciar greve de fome foram Ahmed Saadat, secretário-geral da Frente Popular [ing. Popular Front for the Liberation of Palestine (PFLP)], e Jamal Abu Al-Heja, destacado membro do Hamás, ambos cumprindo pena de prisão perpétua. Há três anos, ambos foram postos em celas especiais, sem qualquer contato com o mundo exterior. As fontes dizem que Saadat e Al-Heja distribuíram mensagem na 5ª-feira, destacando a importância de a greve de fome ser mantida até que as forças de ocupação israelenses aceitem todas as exigências dos prisioneiros palestinos, inclusive o fim do confinamento em celas solitárias.

As mesmas fontes acrescentaram que as autoridades da prisão isolam qualquer prisioneiro que entre em greve de fome e, depois, formam comissões para negociar com o prisioneiro o fim do jejum. Há informes também de que as autoridades israelenses foram surpreendidas pelo fato de que todos os prisioneiros palestinos, em várias prisões, apresentaram exatamente as mesmas exigências. O grupo ADDAMEER – associação para defesa de direitos humanos e apoio a prisioneiros – disse que, agora, as autoridades prisionais em Israel começaram a promover sessões coletivas de espancamento e tortura, na tentativa de abalar a moral dos presos.

O ministro palestino para Prisioneiros Detidos e Libertados, Eissa Qaraqa, disse que “a Guerra das Barrigas Vazias visa a ala mais extremista do governo direitista de Netanyahu e a Autoridade Prisional de Israel. Qaraqa disse que a luta continuará até que todas as exigências dos prisioneiros sejam atendidas. “Se a força ocupante não suspender as medidas de tortura, a luta contra a ocupação não mais poderá ser contida dentro dos muros das prisões de Israel” – disse ele. – “E chegará à rua palestina”.

Os palestinos têm organizado dezenas de manifestações de protesto em solidariedade com os familiares presos em Israel, e vários palestinos também já iniciaram greve de fome em apoio aos prisioneiros. Representantes de todos os grupos políticos palestinos montaram tendas à frente das instalações da Cruz Vermelha, para manifestar solidariedade com os prisioneiros.

Sherine Iraqi, advogada do Ministério Palestino para Prisioneiros, disse que os detentos com os quais teve contato levavam algemas nos pulsos e nos tornozelos e que, na prisão de Shatta, são revistados despidos sempre que são levados de uma parte a outra da prisão. Iraqi disse também que já são críticas as condições de saúde de vários dos prisioneiros em greve de fome.

O Hamás convocou seus grupos de resistência a aumentar as ações contra a ocupação israelense, como resposta ao que descreveu como “crimes contra prisioneiros”.

“Cercados pelo silêncio omisso da comunidade internacional e pela fraqueza de árabes e islâmicos, defenderemos nós mesmos os prisioneiros palestinos que estão sendo sacrificados nas prisões de Israel e continuaremos a resistir contra a ocupação, em todos os lugares” – disse Khalil Al-Hayya, importante figura do Hamás, em enorme marcha organizada pelo Hamás em Gaza, na tarde de 6ª-feira, de solidariedade com o movimento dos prisioneiros. “Não descansaremos até termos libertado todos os nossos companheiros que hoje sofrem nas jaulas da ocupação.”

Al-Hayya disse que só a resistência, em todas as suas modalidades, conseguirá salvar os cidadãos prisioneiros, proteger os cidadãos livres, salvaguardar a dignidade de todos e defender os homens e mulheres e crianças cuja dignidade, direito à vida e propriedades são violados pela ocupação israelense. “Em resposta à arrogância da ocupação, que viola direitos humanos básicos de nossos companheiros, manteremos nossa resistência e faremos processar todos os israelenses culpados de crimes de guerra. Mais cedo ou mais tarde, todos eles pagarão por seus crimes” – disse Al-Hayya.

O Hamás considera Israel responsável pela vida dos 7.000 prisioneiros que estão em greve de fome na “Guerra das Barrigas Vazias”, e convocou o povo palestino a cerrar fileiras e unir-se na defesa dos prisioneiros. Al-Hayya também convocou os povos livres do mundo e todos os cidadãos árabes a dar prioridade à luta para salvar os prisioneiros palestinos torturados nas prisões israelenses – “para que Israel saiba que os prisioneiros palestinos não estão sozinhos”.

Milhares de prisioneiros palestinos enfrentam hoje a violência da máquina israelense de opressão. Contam com os palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e da Diáspora, que não os podem abandonar ao próprio destino. Contam também com que a consciência do mundo acabará por despertar e ver, afinal, esse sofrimento inadmissível.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Netanyahu quer legalizar colônias em solo particular palestino

11 de outubro de 2011 • 05h16 • atualizado às 06h47

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu a criação de um grupo de trabalho para estudar a possível legalização de colônias judaicas levantadas sobre terras palestinas privadas, que a própria lei israelense considera ilegais, informou nesta terça-feira o diário Ha'aretz.

As instruções de Netanyahu, que respondem - segundo o periódico - à pressão dos colonos e da extrema-direita, contradizem a posição da Suprema Corte de Israel, que desde 1979 considerara ilegal a construção de casas para judeus em terras particulares palestinas.

Desde fevereiro, o governo israelense ordenou ao Exército desmantelar vários assentamentos e colônias, o que gerou uma forte pressão do movimento colono e da extrema-direita sobre o primeiro-ministro, indica o Ha'aretz.

No último domingo, Netanyahu cedeu à pressão e ordenou ao ministro da Justiça, Yakob Niman, criar um grupo de trabalho que estude a maneira de legalizar também as colônias levantadas sobre terra roubada aos palestinos, segundo o diário.

Os colonos exercem pressão para que o governo utilize para isso estratagemas legais, como questionar os títulos de propriedade, compensar economicamente os donos ou declará-los "ausentes", um mecanismo já usado em diversas ocasiões para suprimir direitos de propriedade palestinos.

A comunidade internacional considera ilegais todas as colônias judaicas nos territórios palestinos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, ocupados desde 1967, mas as autoridades israelenses fazem a distinção entre assentamentos "legais" e "ilegais" segundo a propriedade do terreno e a data de estabelecimento, considerando fora da lei todos os construídos a partir de março de 2001.

Em fevereiro, Netanyahu acordou junto com vários ministros de seu governo e a Procuradoria Geral ordenar o desmantelamento de vários assentamentos na Cisjordânia em terras privadas, ao tempo que prometia aos colonos legalizar de maneira retroativa colônias construídas sobre terras palestinas sem dono particular.

Israel também tenta legalizar as colônias construídas - sem planejamento autorizado nem permissões governamentais - sobre terra estatal palestina, e pediu aos tribunais a legalização de 326 casas permanentes e outras 344 temporárias, assegura o Ha'aretz.

fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5404706-EI308,00-Netanyahu+quer+legalizar+colonias+em+solo+particular+palestino.html

Liga Árabe pedirá investigação de situação de presos palestinos

13 de outubro de 2011 • 14h36 • atualizado às 15h16

A Liga Árabe anunciou nesta quinta-feira que pedirá a ONU o envio de uma comissão internacional para investigar a situação dos presos palestinos nas prisões de Israel. Após uma reunião realizada no Cairo, o Conselho de Delegados Permanentes da Liga Árabe decidiu pedir ao grupo de países árabes em Nova York que façam esta solicitação às Nações Unidas.

Em comunicado, a organização pan-árabe informou que a comissão deverá se assegurar do grau de cumprimento dos pactos internacionais sobre prisioneiros por parte das autoridades israelenses.

Além disso, a Liga indicou que seu pedido respalda a recomendação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em maio de 2010 de enviar uma delegação junto à Cruz Vermelha Internacional para investigar as precárias condições sanitárias dos presos.

Esta decisão coincide com a advertência feita hoje no Cairo pelo ministro palestino de Assuntos para os Prisioneiros, Issa Qaraqea, que disse que "é possível que haja uma catástrofe" nas prisões de Israel, se suas autoridades não responderem às reivindicações dos presos palestinos em greve de fome.

Por outra parte, a Liga Árabe anunciou que realizará uma conferência mundial no início de 2012 em sua sede do Cairo para divulgar a causa desses prisioneiros.

Além disso, a organização pediu à Cruz Vermelha Internacional em Genebra para enfrentar sua responsabilidade jurídica e humanitária com os presos palestinos, e intensificar seus contatos com as autoridades israelenses para que cessem as perigosas violações que perpetram.

Nesse contexto, a Liga lembra que esses presos palestinos são prisioneiros de guerra que têm o direito de lutar "contra a ocupação" (israelense).

A organização também exigiu a libertação imediata e incondicional de todos os cidadãos palestinos e de outros países árabes reclusos em prisões israelenses.

A entidade pan-árabe manifestou sua satisfação pela troca de prisioneiros acordada entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas na terça-feira passada e agradeceu ao Egito por seus esforços que tornaram possível o sucesso dessa iniciativa.

Na terça-feira passada, Israel anunciou um acordo com o Hamas no qual está prevista a libertação de 1.027 palestinos em troca do soldado israelense Gilad Shalit, capturado em junho de 2006 por três grupos palestinos em Gaza.

domingo, 2 de outubro de 2011

O que a Imprensa-empresa nunca irá mostrar, nem dizer:

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I - SEJA KADDAFI O BIZARRO QUE FOR, A ONU CONSTATOU EM 2007 QUE A LÍBIA TINHA:

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1 - Maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África (até hoje é maior que o do Brasil);



2 - Ensino gratuito até à Universidade;



3 - 10% dos alunos universitários estudavam na Europa, EUA, tudo pago;



4 - Ao casar, o casal recebia até 50.000 US$ para montar casa;



5 - Sistema médico gratuito, rivalizando com os europeus. Equipamentos de última geração, etc.;



6 - Empréstimos pelo banco estatal sem juros;



7 - Inaugurado em 2007, o maior sistema de irrigação do mundo, vem tornando o deserto (95% da Líbia) em fazendas produtoras de alimentos.;





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II - PORQUE "DETONAR" A LÍBIA ENTÃO?

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Três principais motivos:



1 - Tomar o seu petróleo de boa qualidade e com volume superior a 45 bilhões de barris em reservas;



2 - Fazer com que todo o mar Mediterrâneo fique sob o controlo da OTAN. Só falta agora a Síria;



3 - E provavelmente o principal:



- O Banco Central Líbio não é atrelado ao sistema financeiro mundial.



- As suas reservas são toneladas de ouro, que dão respaldo ao valor da moeda, o dinar, que desta forma está resguardado das flutuações do dólar.



- O sistema financeiro internacional ficou possesso com Kaddafi, após ele propor, e quase conseguir, que os países africanos formassem uma moeda única desligada do dólar.



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III - O QUE É O ATAQUE HUMANITÁRIO PARA LIVRAR O POVO LÍBIO:

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1 - A OTAN comandada, como se sabe, pelos EUA, já bombardearam as principais cidades Líbias com milhares de bombas e mísseis em que um único projétil é capaz de destruir um quarteirão inteiro. Os prédios e infra estruturas de água, esgotos, gás e luz estão sèriamente danificados;



2 - As bombas usadas contêm DU (Urânio depletado) que tem um tempo de vida de cerca de 3 bilhões de anos (causa cancro e deformações genéticas);



3 - Metade das crianças líbias estão traumatizadas psicologicamente por causa das explosões que parecem um terremoto e racham as estruturas das casas;



4 - Com o bloqueio marítimo e aéreo da OTAN, as crianças sofrem principalmente com a falta de medicamentos e alimentos;



5 - A água já não mais é potável em boa parte do país. De novo as crianças são as mais atingidas;



6 - Cerca de 150.000 pessoas por dia, estão deixando o país através das fronteiras com a Tunísia e o Egito. Vão para o deserto ao relento, sem água nem comida;



7 - Se o bombardeio terminasse hoje, cerca de 4 milhões de pessoas estariam precisando de ajuda humanitária para sobreviver: Água e comida.



De uma população de 6,5 milhões de pessoas.



Em suma: O bombardeio "humanitário", acabou com a nação líbia. Nunca mais haverá a "nação" Líbia tal como dias de hoje.
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