Não patrocine massacres. Boicote produtos israelenses.

Não patrocine massacres. Boicote produtos israelenses.

terça-feira, 30 de junho de 2009

“Al Nakba (A Catásfrofe)”


Entrevistas com Rawan Damen, produtora e diretora da TV Al Jazeera, fala sobre a história da Palestina e o “Al Nakba (A Catásfrofe)” documentário que retrata a opressão sionista desde o ano de 1700.

Realização: Branca Nunes, Rudá K. Andrade e Sylvio do Amaral Rocha.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5

sábado, 20 de junho de 2009

Dia 20 de junho – Dia Mundial do Refugiado. Nada a comemorar. Tudo a lamentar e denunciar.


Imagine que você é alguém que viu membros da sua família e amigos serem trucidados por bombas e tiros e teve que fugir deixando tudo para trás tentando às pressas salvar o que for possível. Imagine que para todo lugar, onde você vá, na tentativa de se proteger encontre pessoas armadas que te odeiam pelo único motivo de você ter nascido numa terra que eles ambicionam, e por isso querem te matar e aos seus. Imagine que você é uma pessoa pacífica, que condena a violência, as armas, o ódio e o que você mais quer é ver as pessoas vivendo solidariamente e em paz e mesmo assim, você, sua família e seus amigos que pensam como você são caçados como bichos. Imagine que o único lugar que lhe sobrou para alojar o que sobrou da sua família e amigos é um deserto, sob tendas de lona de 10 metros quadrados, em meio a cobras, escorpiões, tempestades de areia, temperaturas extremas para cima durante o dia e para baixo durante a noite e nesse lugar você será obrigado a viver por tempo indefinido, contando apenas com a sorte para que os que querem lhe ver morto não lhe encontrem antes do que alguém que lhe queira ajudar. Agora imagine que após anos nessa agonia da espera, alguém chegue lhe prometendo ajuda, lhe prometendo levar para outro país, distante e seguro de toda a violência que há em sua terra, longe das pessoas que querem te matar, um lugar muito bom de se viver, lhe prometendo, documentos, emprego, oportunidades para reconstruir sua vida, assistência médica e odontológica, aulas do idioma da nova terra que lhe está sendo oferecida. Agora, imagine que depois de toda a tragédia do passado de sua vida e do “paraíso” prometido, nesse “paraíso” você se depara com miséria e todo tipo de dificuldade, sem que todas aquelas promessas de uma nova vida, digna, sejam cumpridas, sejam reais e então, você cai na real de que, aqueles que a prometeram, apenas usaram da sua necessidade extrema, da sua ansiedade, do seu maior sonho, da sua esperança de uma vida melhor, para tirarem proveito próprio, uma oportunidade de ascensão política, talvez.

Essa é a situação em que se encontram hoje os palestinos que foram trazidos como refugiados para o Brasil em setembro e outubro de 2007, sendo 57 para Mogi das Cruzes, de um total de 108. Foram trazidos, sem ter a oportunidade de escolher. Aos que se recusavam a vir porque já previam as dificuldades de adaptação, era dito de forma ameaçadora que então eles seriam entregues ao exército da coalisão norte americana ou às milícias que os queriam ver mortos. Chegando aqui, foram separados em localidades distantes, os que não foram trazidos para Mogi foram levados para o Rio Grande do Sul e Paraná. Todos eles falam a lingua inglesa, além da língua árabe, mas não foram levados para algum país de língua inglesa, mas sim para um país de língua portuguesa, e a ajuda prometida não passaram de promessas.

Neste dia 20 de junho, dia dedicado a lembrar os refugiados, minha maneira de homenagear os refugiados palestinos, com quem tenho convivido e visto o quanto são amáveis, agradecidos, amigos e também vulneráveis, é contando essa verdade que não é dita, não é divulgada.

Que a ACNUR, o governo brasileiro e o Cáritas cumpram, com urgência, com suas promessas de lhes dar todas as condições para que possam reconstruir suas vidas, já que aceitaram recebê-los aqui. Os próximos três meses serão cruciais para eles, visto que termina o prazo de dois anos da ajuda de custo irrisória paga pela ACNUR, através do Cáritas Diocesana.

Mauro Rodrigues de Aguiar
Coletivo Libertário Trinca
P.S.: Não sou palestino, sou um brasileiro que tem acompanhado as dificuldades dos palestinos refugiados em Mogi das Cruzes e as mazelas do Cáritas Diocesana.

sábado, 13 de junho de 2009

Uma Nova visão de mundo



Era uma mulher cega Era uma mulher negra Era uma mulher de luta Dedos que tateavam coisas Mãos a tatear a casa Ouvidos atentos Sorriso cativante Voz pausada Rosto sofrido Mulher engajada Com sua habilidade em contar causos Rápido se passava o dia Era preciso alguém lembrar da cegueira Pois o visitante, logo se esquecia Tamanha sua capacidade, precisão, maestria Ao nos receber nada a mantinha calada Adorava contar seus sonhos lutas e estradas Uma das histórias que me chamavam a atenção Era de como criou um partido Que lhe partira o coração Ajudara fundar também uma paróquia Que não podia ter outro nome Partindo de seu confuso ideário Batizara Cristo-Operário Riamos a valer fazendo piadas sobre a burocracia e estruturas de poder No caminho depois destas conversas Ela sempre me levava a pensar que Há três tipos de cegos, Os que não podem, Os que ainda não aprenderam, E os que não querem enxergar Semeando lutas, colhendo amigos Sofrendo contradições (suas e da vida) Lutando, sangrando Curando as próprias feridas Assim se passara sua vida Uma mulher cega (era o que se dizia) Mas quem a conhecia, sabe que enxergava o mundo melhor que a maioria Lina fora notadamente Lutadora e ativista A seu modo combateu injustiças A meu ver fora em verdade (embora não o soubesse) Uma militante comunista


Fábio Che

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Poesia


Poesia feita pelo Sr. Mohammad, refugiado palestino que vive em Mogi. Ele oferece a todos que direta, ou indiretamente ajudou o povo palestino.



Filhos de Nakba – a história de um povo
Mohammad al Tamimi

Testemunhem, ó estrelas
Registrem, ó céus
Escrevam na história,
Escrevam-a pelo sangue:
Quem teve misericórdia de mim
Quem me consolou na tragédia.
É a Nakba de um povo
Que não experimentou
O sabor da felicidade

Sessenta anos sem abrigo,
Sem barraca ou lar.
Invejá-lo a uma caverna
Cavada pelos antigos!
Viveu nela com as cobras,
No seu corpo criou pestes
Sofreu muitas doenças
Sem médico nem remédio.
Viveu sem identidade,
Andando na escuridão

Fora, pela força o tiraram
E no ar livre o jogaram
Basta que Deus testemunhe,
A obra dos desprezíveis.

Presas caíram as unidades,
Sabra e Chatila foram mártires
Onde estão os habitantes,
Do acampamento de velhos e mulheres?
Milhares de mártires!
Eram desarmados e inocentes...

Pátria minha, como estás?
E meus filhos, e meu lar?
Meu pai, minha mãe,
Minha vida, meu viver?
Por ti minha alma redentora
E pela sua fidelidade, ninguém conta

Que o amor à minha terra encheu meu coração
E foi o remédio para a minha moléstia
Dela, a terra alumiou a verdade, e sua luz
Os berços dos profetas
Sua glória permanece e voltarão
E os amigos te visitarão
Até se morrermos,
Redenção a ti!
Somos dignos à redenção

Pela escuridão da noite andemos,
Sobre espinhos e pedregulhos
Caminhamos atravessando as fronteiras,
Insistindo em te encontrar
Quantos batalhadores, quantos lutadores
Sobre teu solo foram mártires
Símbolo do meu amor, ó minha pátria
Sejas o memorial eterno!

Maio de 2009


Nota - Nakba é a grande tragédia, da expulsão deles de sua terra;
Sabra e Chatila foram dois acampamentos de refugiados palestinos que foram
massacrados por grupos cristãos no Líbano em 1982, rendendo 3 mil mortos.
Creative Commons License