Era uma mulher cega Era uma mulher negra Era uma mulher de luta Dedos que tateavam coisas Mãos a tatear a casa Ouvidos atentos Sorriso cativante Voz pausada Rosto sofrido Mulher engajada Com sua habilidade em contar causos Rápido se passava o dia Era preciso alguém lembrar da cegueira Pois o visitante, logo se esquecia Tamanha sua capacidade, precisão, maestria Ao nos receber nada a mantinha calada Adorava contar seus sonhos lutas e estradas Uma das histórias que me chamavam a atenção Era de como criou um partido Que lhe partira o coração Ajudara fundar também uma paróquia Que não podia ter outro nome Partindo de seu confuso ideário Batizara Cristo-Operário Riamos a valer fazendo piadas sobre a burocracia e estruturas de poder No caminho depois destas conversas Ela sempre me levava a pensar que Há três tipos de cegos, Os que não podem, Os que ainda não aprenderam, E os que não querem enxergar Semeando lutas, colhendo amigos Sofrendo contradições (suas e da vida) Lutando, sangrando Curando as próprias feridas Assim se passara sua vida Uma mulher cega (era o que se dizia) Mas quem a conhecia, sabe que enxergava o mundo melhor que a maioria Lina fora notadamente Lutadora e ativista A seu modo combateu injustiças A meu ver fora em verdade (embora não o soubesse) Uma militante comunista
Fábio Che
Um comentário:
Caro Fábio, o seu post estava com problemas e resolvemos apagá-lo para depois postar novamente. Se algo estiver em desacordo, por favor nos avise que consertaremos, OK.
Grande abraço, Liberdade Palestina
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