Não patrocine massacres. Boicote produtos israelenses.

Não patrocine massacres. Boicote produtos israelenses.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

15 de maio, somos a resistência!

por Khader Othmann
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino

Outro 15 de maio e o povo palestino, na sua eterna e justa luta, resiste ao fascismo Israelense para se livrar da injustiça posta sobre esse povo há quase 100 anos.

Entra ano e sai ano, a luta não apaga, não diminui, pelo simples fato de que esta injustiça produz a reação e a sua própria sustentabilidade.

Entra ano e sai ano, as forças imperialistas não medem esforços para fazer o povo palestino engolir soluções impróprias, fruto deste injusto equilíbrio de forças dominantes na política internacional.

Entra ano e sai ano, os israelenses saem de uma crise para entrar em outra. Maquiando essa situação através de chacinas, matando, aterrorizando e achando que calar a vitima pode dar legalidade ao ilegal.

Entra ano e sai ano, o povo palestino paga muitíssimo caro, com seu sangue e sofrimento, para mostrar ao mundo que a criação do Estado de Israel foi um erro que não solucionou o problema dos judeus do mundo. A criação do Estado de Israel não representa a solução para os judeus ou para os sionistas, um problema internacional. A criação do Estado de Israel só revelou a triste realidade: a formação de um estado sobre o território de outro é tão primário e não se alcança soluções para um povo gerando problemas para outro.

Entra ano e sai ano, o povo palestino, junto com as multidões que formam a luta internacional e o progresso humano, estão tecendo o mais alto estado de solidariedade. O mais alto estado de solidariedade onde todos são convidados a construir a Palestina Livre! Todos, inclusive os judeus progressistas que estão contra o governo sanguinário nazi-israelense, para darmos as mãos e trabalharmos na criação de um estado único, democrático e laico. Um estado onde todos serão cidadãos, um voto para cada cidadão, eliminando os atritos que vão surgir com a idéia de dois estados.

Entra ano e sai ano, estamos próximos ao dia 15 de maio, dia da catástrofe para os palestinos – NAKBA – 15 de maio de 1948, o dia em que foi proclamado o Estado de Israel. Esse dia significa mais, significa 62 anos de resistência e construção da Palestina Livre, luta que você faz parte! Conquista que você vai viver!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Força de ocupação israelense invade Faixa de Gaza e destrói mesquita e casas de palestinos

Força de ocupação israelense destruiu esta manhã uma mesquita na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, testemunhas disseram que tanques e escavadoras israelenses invadiram o leste da cidade e destruiu completamente a mesquita Al Dahnia ".

Leia mais em: Força de ocupação israelense destroi mesquita na Faixa de Gaza

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ajude a família de Abu Mustafá!


Recentemente, faleceu Abu Mustafá (Khaled Sabri), aos 47 anos de idade, um dos 117 refugiados palestinos que viveram por quase cinco anos no campo de Ruweished, perto da Jordânia, e foram recebidos pelo Governo brasileiro ao final de 2007. Atualmente, a família – mulher e três filhos – vive em Dois Vizinhos, no Paraná, onde Abu Mustafá trabalhava num abatedouro.
Uma maneira de ajudar essa família palestina, neste momento emergencial, de modo que possa ter estabilidade para construir e continuar sua vida no Brasil, é contribuir depositando qualquer quantia na conta abaixo:
Banco do Brasil
Ag. 0294-1
c/c 59129-7
Mustafá Khaled Sabri


sábado, 13 de fevereiro de 2010

To shoot an Elephant - Atirar num Ele...

To shoot an Elephant - Atirar num Elefante (2009)




(Espanha, 2009, 113min - Direção: Alberto Arce e Mohammad Rujailah)

Os ataques israelenses não poupam ninguém, crianças, mulheres, ambulâncias e tudo o que se mova pode ser alvo da covardia e brutalidade de um dos exércitos mais truculentos do mundo. Se para você isso é novidade, não deixe de assistir a esse documentário

"Em 18 de janeiro de 2010 findou-se o primeiro aniversário do fim do bombardeio de Israel sobre Gaza - ataque que durou de 27 de dezembro de 2008 até 18 de janeiro de 2009 e que terminou com a vida de 1.412 palestinos.
O documentário To Shoot An Elephant (TSAE) narra, do interior da Faixa de Gaza, os acontecimentos durante aqueles dias. Convertido em narração direta e privilegiada dos bombardeios, quer ser ferramenta para fazer frente à propaganda israelense e ao silêncio internacional.


Soldados de Israel relatam ‘rotina de...

Soldado israelense observa trabalhadores palestinos em ponto de checagem na Cisjordânia

ONG acusou soldados israelenses de abusos na Cisjordânia

Uma ONG israelense divulgou pela primeira vez os depoimentos de mulheres que serviram como soldados de Israel sobre a realidade nos territórios ocupados, denunciando uma “rotina de humilhação” a que são submetidos os palestinos nessas regiões.

A organização Breaking the Silence (“Quebrando o Silêncio”, em tradução livre), formada por reservistas israelenses, publicou os depoimentos escritos e gravados de 96 mulheres que serviram em batalhões de combate na Cisjordânia.

De acordo com elas, a prática de abusos e a humilhação de civis palestinos pelas tropas israelenses é "rotineira" e as soldados, querendo demonstrar que são tão capazes quanto os soldados homens, também participam de atos que são definidos pelo Exército como "inusitados".

As ex-soldados descrevem cenas de espancamentos gratuitos de civis palestinos em pontos de checagem, de humilhação arbitrária e até de mortes de civis e falsificação dos fatos para encobrir atos ilegais das tropas.

Dana Golan, diretora da ONG, afirmou que "a sociedade israelense não quer pensar em nossas namoradas, filhas e irmãs participando ativamente na ocupação, exatamente como os soldados (homens)".

"Queremos acreditar que as soldados não são tão agressivas e não sujam as mãos, porém os depoimentos das mulheres provam que as soldados são tão corruptas quanto os homens e não poderia ser diferente", acrescentou.

Depoimentos

A organização colheu mais de 700 depoimentos de militares israelenses, homens e mulheres, que serviram nos territórios ocupados desde o inicio da Intifada, em 2000.

"Os depoimentos demonstram que as violações dos direitos humanos nos territórios não são resultado de um comportamento excepcional de poucos, mas decorrem do próprio domínio de uma população civil”, afirma a Breaking the Silence.

Segundo o relatório da ONG, os casos de violação dos direitos humanos de civis palestinos são muitas vezes resultado do "simples tédio" dos soldados que servem em centenas de pontos de checagem na Cisjordânia.

Em um dos depoimentos, uma ex-soldado descreve uma cena, em um dos pontos de checagem, em que uma oficial ensinou civis palestinos a cantarem o hino do batalhão e em seguida, os civis, inclusive idosos e crianças, foram obrigados a cantar e dançar o hino militar.

"Uma sociedade que envia seu Exército para cumprir missões deve saber o que se passa em seu quintal e deve ouvir as vozes de suas filhas e filhos, mesmo se as historias não são agradáveis", afirma a Breaking the Silence.

Treinamento especial

O Exército israelense descartou o relatório da ONG, afirmando que trata-se de "depoimentos anônimos". Os autores, entretanto, afirmam que não revelaram a identidade das testemunhas para não prejudicá-las.

De acordo com um porta-voz militar, "os depoimentos não têm especificação de tempo ou local e é impossível examinar sua credibilidade".

"No Exército de Israel existem vários órgãos cuja função é investigar suspeitas de atos contrários às ordens e é obrigação de todo soldado ou oficial se dirigir a esses órgãos, caso sinta que alguma atividade foi cometida de maneira contrária às ordens", disse o porta-voz.

"As tropas recebem um treinamento especial sobre o contato com a população palestina e as soldados recebem o mesmo treinamento que os soldados (homens)", afirmou.

    sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

    Chamado aos movimentos sociais é para que fortaleçam a campanha por boicotes a produtos que financiam a ocupação israelense.

    http://www.ciranda.net/spip/article3584.html
    A necessidade de ações efetivas que pressionem pelo fim da ocupação israelense de territórios palestinos - a mais longa da era contemporânea - foi enfatizada em vários momentos no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. À marcha de abertura, no dia 25, uma delegação contava com dezenas de pessoas portando bandeiras palestinas e hatas.

    Em três falas, a comunidade destacou a urgência da solidariedade internacional face à dramática situação em que se encontram os que vivem sob ocupação. Vindo de São Paulo, o Mopat (Movimento Palestina para Tod@s) observou que direitos humanos fundamentais, como o de circular livremente e viver com dignidade, são negados cotidianamente nos territórios. Mudar esse cenário - um dos desafios colocados aos participantes do Fórum Social Mundial dez anos depois de iniciado esse processo - passa pela pressão da comunidade internacional.

    Uma das maneiras é levar adiante a campanha global por boicotes a produtos que financiam a ocupação. Na contramão disso, Nader Bujah, de Porto Alegre, lembrou que o Brasil firmou acordos de cooperação e compra de equipamentos militares e aviões não tripulados - no valor de US$ 350 milhões -, os quais precisam, portanto, ser rompidos.

    Para o sociólogo brasileiro Emir Sader, a política externa brasileira é subalterna aos Estados Unidos, como mostram acordos como esses e o próprio Tratado de Livre Comércio entre Israel e Mercosul, que tramita no Parlamento nacional. “O País não deve ratificá-lo.”

    O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos destacou, durante sua palestra sobre "Mundialização alternativa e emergência das periferias”, no dia 26, que na Europa foi instalado o Tribunal Bertrand Russell para condenar Israel por crimes contra a humanidade, mediante ações como o boicote ao apartheid - o qual é “muito pior do que o vivenciado na África do Sul”. Fazendo questão de afirmar que a Palestina é lhe uma luta muito cara, Boaventura continuou: “É uma injustiça histórica, em que aquela população pagou pelo equívoco e hipocrisia europeus.”

    A distância, o coordenador do Stop the Wall, Jamal Juma garantiu sua
    participação à mesa sobre “Conjuntura política hoje”, também no dia 26. Agradecendo a solidariedade internacional, levou a mensagem ao Fórum Social Mundial: “Devemos continuar nesse esforço de apoiar o povo palestino na luta contra a ocupação. Assim será possível derrotar o colonialismo e a opressão, a exemplo do que ocorreu em relação ao apartheid na África do Sul. O Comitê Nacional Palestino chama os movimentos sociais brasileiros a que deem fim a esses acordos assinados pelo seu Governo, que são favoráveis à ocupação. Temos que fazer acordos que unam os povos, aproximem a humanidade.”

    quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

    Israel prende coordenador da campanha "Stop the Wall" - MAIS UMA ARBITRARIEDADE DO GOVERNO ISRAELENSE



    Jamal Juma foi preso por soldados israelenses, dia 16 de dezembro, em sua casa. Os soldados disseram a esposa de Juma que ela só voltaria a ver o marido quando houvesse uma troca de prisioneiros. Desde então, ele permanece preso e proibido de falar com um advogado ou com a família, sem nenhuma explicação oficial para a sua prisão, denuncia a Stop the Wall.
    Jamal, de 47 anos, dedica a vida à defesa dos direitos dos palestinos. Ele esteve este ano no Brasil, participando do Fórum Social Mundial, em Belém (Foto de Eduardo Seidl).


    Leia a matéria completa no link abaixo;
    http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16296&boletim_id=628&componente_id=10472

    segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

    Sem políticas públicas, o drama dos palestinos em situação de refúgio no Brasil continua...

    http://povosnaolineares.blogspot.com/2010/01/sem-politica-publica-o-drama-dos.html

    Tomei a liberdade de publicar o link acima por conter uma leitura necessária para que as pessoas que se sensibilizam com a situação das pessoas em situação de refúgio no Brasil, se embase para apresentar sugestões para a elaboração de uma proposta de regulamentação da Lei nº 9474/97 (Estatuto do refugiado) que pretendemos fazer chegar ao Presidente da República, para que, no uso de sua prerrogativa o sancione em forma de decreto.

    O Estatuto do refugiado, como está hoje, é uma peça completamente inútil, sem nenhuma aplicabilidade na prática, porque trata da proteção aos refugiados no Brasil de forma muito genérica, na medida em que não define responsabilidade civil e criminal às partes que deveriam zelar pela plena observância dos direitos humanos das pessoas em situação de refúgio no Brasil, propiciando a negligência e o abandono à própria sorte das pessoas em situação de refúgio no Brasil, sem que a justiça possa alcançar os responsáveis por esses atos de lesa humanidade.

    No link a seguir você tem acesso ao Estatuto do Refugiado, na íntegra: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9474.htm

    domingo, 10 de janeiro de 2010

    PNDH III – UMA FALSA POLÊMICA, FABRICADA PARA LUDIBRIAR E MANIPULAR OS INCAUTOS E INCULTOS EM ANO ELEITORAL

    Todo o retardado alarde estabelecido na imprensa sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos, “decretado” em 21/12/09, é tão falso quanto o próprio Programa.



    Primeiramente, que ela é totalmente impraticável, só para inglês ver mesmo, pela gama de temas que são tratados num único documento, quando deveria cada tema nele contido ser objeto de decretos específicos.



    Inexplicavelmente, não foi incluído neste PNDH o tema dos refugiados, que também é um tema que carece de discussão com a sociedade e merece ser objeto de um decreto presidencial, bastando para tanto regulamentar o Estatuto do Refugiado (Lei Nº 9.474, de 22 de julho de 1997), de modo a estabelecer a obrigatoriedade de se observar os direitos humanos na elaboração dos programas de atendimento aos refugiados estrangeiros, o cumprimento por parte dos agentes gestores responsáveis pelo acompanhamento e aplicação dos programas para refugiados e classificar como crime a negligência com os direitos humanos dos refugiados estrangeiros.



    Contudo, a falsa polêmica acabou expondo o quão avessa é a classe dominante da nossa sociedade a aceitar que haja direitos humanos aos menos favorecidos.



    Isso demonstra que a condição essencial para a existência da classe dominante é justamente a negação dos direitos humanos aos que produzem com árduo trabalho as riquezas das quais se apropria e se locupleta a classe burguesa.



    Link para o PNDH 3, na íntegra: http://www.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf

    sábado, 9 de janeiro de 2010

    O refugiado palestino no Brasil, Hamdan, falecido no dia 19 de outubro de 2009, fez o seguinte relato um ano antes da sua morte, que ficará para a posteridade, como um exemplo de dignidade a ser seguido pelos que ficaram


    Eu, Hamdan, 65 anos de idade, nascido ainda na Palestina livre, já vi muita coisa que pessoas comuns e autoridades duvidariam. Essas coisas compõem o pano de fundo que me ajuda a sobreviver. Principalmente no que diz respeito à intuição e ao sentimento que me guiam na escolha de como me proteger e de como devo seguir em frente. O peso da idade me troxe muito conhecimento, assim como me trouxe o cansaço. Estou cansado, com cabelos e barba brancos, me faltam alguns dentes e não ouço muito bem. Minha mente está lúcida, porém precisando de descanso. Mesmo com essa necessidade não posso me eximir quando a situação pede que eu ajude um irmão. É o que neste momento acontece.


    Desde que cheguei ao Brasil estou sendo tratado como invalido ou como louco. Em Mogi das Cruzes, São Paulo, o a agência internacional para refugiado e sua parceira no Brasil, a Caritas Brasileira, já me colocaram em um asilo que mais parecia uma prisão. Sou uma pessoa inquieta. Tenho que a toda hora caminhar, beber meu chá preto, fazer minhas orações em voz alta e conversar com meus amigos. Ser jogado em uma instituição, isolado, sem poder me movimentar e em um país que nada conheço é um ato extremo de desumanidade. A Cáritas Brasileira se recusou a me alojar em um apartamento individual. Que eu não canso em dizer que são atos criminosos!

    O mais recente crime que estão cometento contra mim agora alcança pessoas que estão me ajudando. Só porquê elas não fazem parte do grupo de criminosos que vêm me taxando de louco e inválido. Só porquê as pessoas que me ajudam não questionam as razões de minhas necessidades. Só porquê as pessoas que me ajudam não me deixam em segundo plano, esperando que minhas necessidades médicas se curem por si só. Não falarei o nome delas aqui, pois acho prudente, pois estão as acusando de quererem se auto-promover.

    Criminosos! Ninguém diz o que tenho que fazer ou deixar de fazer. Sei o que quero e sou incisivo! Se não gostam do que digo às claras, ou se não gostam de ver que não me curvo perante vocês é porquê vocês estão jogando com a minha vida e com a vida de meus amigos. É porquê para vocês o trabalho humanitário é mais um jogo perverso de guerra. Se como refugiado tenho direitos, me digam quais são. Se não os tenho também me digam que não tenho. Sejam sinceros ao menos uma vez e digam se são ou não são responsáveis pela minha situação como refugiado. Se não, posso continuar a seguir meu caminho sozinho buscando um outro país que me acolha, já que não posso voltar à minha Palestina livre.



    Brasília, setembro, 2008

    Ver em http://antisegregacaoasilar.blogspot.com/2009/09/relato-do-sr-hamdan.html

    domingo, 27 de dezembro de 2009

    A poesia palestina de resistência: O cantar dos que não se rendem

    Apesar da forte repressão à arte popular — “A democracia israelense não suporta que os palestinos cantem”, disse uma vez o poeta Tawfic Zayyad — a poesia daquele povo árabe não é “marginal”. Como disse o peruano Julio Carmona, “marginal é a poesia que a estética dominante pontifica ou institucionaliza; ao se tomar o povo como pedra de toque (e sempre o povo tem a última palavra em tudo) a única poesia que não se marginaliza é aquela que não se afasta de sua fonte, aquela que vinda do povo, a ele retorna.”

    O poema é, de longe, o mais popular gênero da literatura palestina. Isto pode ser em parte atribuído à forte tradição oral da sua cultura. Houve, desde o início, uma vontade de simplicidade na poesia de resistência. Os artifícios de linguagem em favor da estética foram postos de lado. O poeta Mahmud Darwish expressou claramente isso num de seus primeiros versos:

    Se os mais humildes não nos compreendem
    será melhor jogar fora os poemas
    e ficarmos calados.
    O poeta diz:
    se meus versos são bons para meus amigos
    e enfurecem os meus inimigos
    então é que sou mesmo poeta
    e devo continuar cantando.

    Fontes: Poesia Palestina da Resistência , edição OLP/Brasil, 1986 e Beleza Cruel (prólogo de Julio Carmona), edição Lira Popular, Peru, 1982.

    Não iremos embora
    Tawfic Zayyad*

    Aqui
    Sobre vossos peitos
    Persistimos
    Como uma muralha
    Em vossas goelas
    Como cacos de vidro
    Imperturbáveis
    E em vossos olhos
    Como uma tempestade de fogo
    Aqui
    Sobre vossos peitos
    Persistimos
    Como uma muralha
    Em lavar os pratos em vossas casas
    Em encher os copos dos senhores
    Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
    Para arrancar
    A comida de nossos filhos
    De vossas presas azuis
    Aqui sobre vossos peitos
    Persistimos
    Como uma muralha
    Famintos
    Nus
    Provocadores
    Declamando poemas
    Somos os guardiões da sombra
    Das laranjeiras e das oliveiras
    Semeamos as idéias como o fermento na massa
    Nossos nervos são de gelo
    Mas nossos corações vomitam fogo
    Quando tivermos sede
    Espremeremos as pedras
    E comeremos terra
    Quando estivermos famintos
    Mas não iremos embora
    E não seremos avarentos com nosso sangue
    Aqui
    Temos um passado
    E um presente
    Aqui
    Está nosso futuro
    *Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão.
    Discurso no mercado do desempregoSamih Al-Qassim*

    Talvez perca — se desejares — minha subsistência
    Talvez venda minhas roupas e meu colchão
    Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor
    Talvez procure grãos no esterco
    Talvez fique nu e faminto
    Mas não me venderei
    Ó inimigo do sol
    E até a última pulsação de minhas veias
    Resistirei
    Talvez me despojes da última polegada da minha terra
    Talvez aprisiones minha juventude
    Talvez me roubes a herança de meus antepassados
    Móveis... utensílios e jarras
    Talvez queimes meus poemas e meus livros
    Talvez atires meu corpo aos cães
    Talvez levantes espantos de terror sobre nossa aldeia
    Mas não me venderei
    Ó inimigo do sol
    E até a última pulsação de minhas veias
    Resistirei
    Talvez apagues todas as luzes de minha noite
    Talvez me prives da ternura de minha mãe
    Talvez falsifiques minha história
    Talvez ponhas máscaras para enganar meus amigos
    Talvez levantes muralhas e muralhas ao meu redor
    Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos
    Mas não me venderei
    Ó inimigo do sol
    E até a última pulsação de minhas veias
    Resistirei
    Ó inimigo do sol
    O porto transborda de beleza... e de signos
    Botes e alegrias
    Clamores e manifestações
    Os cantos patrióticos arrebentam as gargantas
    E no horizonte... há velas
    Que desafiam o vento... a tempestade e franqueiam os obstáculos
    É o regresso de Ulisses
    Do mar das privações
    O regresso do sol... de meu povo exilado
    E para seus olhos
    Ó inimigo do sol
    Juro que não me venderei
    E até a última pulsação de minhas veias
    Resistirei
    Resistirei
    Resistirei

    *Samih Al-Qassim nasceu em Zarqá, no seio de uma família drusa. Formado professor, depois da publicação de seus primeiros poemas foi proibido pelos israelenses de exercer a profissão.
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