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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Retrato fiel da brutal intervenção sionista no cotidiano dos palestinos, em sua própria terra

Mensagem recebida por e-mail no dia 1º de Maio, mas, infelizmente, sempre atual.

O horizonte é amplo, as oliveiras floridíssimas anunciam colheita farta, nespereiras e tamareiras estão carregadas, flores surgem por todo canto, até entre as pedras das montanhas. Tudo aqui tem tanta beleza, tanta vida, que a gente até esquece que a Palestina está sob a brutal ocupação sionista. A paisagem ajuda a recompor a vida, sob pressão as 24 horas do dia. Um passeio mais longo, porém, mostra a tragédia, a Nakba palestina. Cidades bloqueadas por muros e cercas eletrificadas, com rolos e rolos de um arame de farpas grossas e cortantes impedindo o acesso da população a sua própria terra. Torres altas de ferro e de cimento com câmeras para vigiar cada movimento, cada expressão, cada detalhe da vida privada, a fim de subjugá-la ao olhar militar. É insuportável. Mas os palestinos resistem.


As casas palestinas acompanham a topografia dos montes e o que a Natureza colocou neles. As colônias israelenses rasgam o topo das montanhas, movimentam e tiram terra, arrancam oliveiras. E ainda por cima erguem muros altos ao redor das casas, e cercas eletrificadas sobre os muros, e câmeras de alta sensibilidade, e milícias. Tudo isso contra quem? Um povo pacífico e desarmado? O sionismo criou a militarização da vida. Inventou o mito da insegurança constante para, "por razões de segurança", confiscar as terras palestinas. E destruir o ambiente de um país que sempre o respeitou.


E que terras eles confiscam? As agriculturáveis. As que têm poços e aquíferos. Controlam a água, racionada para os palestinos, livre para os israelenses. Por isso, você reconhece uma casa palestina logo: ela tem caixas d'água pretas no telhado. As israelenses não precisam armazenar o líquido, que flui para elas o dia inteiro. Água roubada aos palestinos. A aldeia de Bourin, por exemplo -- o nome, em árabe antigo, significa "três fontes" -- foi cercada por três colônias israelenses ilegalmente construídas em território palestino. A água de Bourin, roubada por Israel, vai para as colônias -- Itamar, Breka e Yitzhar --, que abrigam inclusive criminosos. Esses colonos atacam os palestinos com frequência. Sem nenhum motivo. Movidos pelo ódio que guardam no coração e que os sionistas insuflam o tempo todo, com sua retórica de "povo escolhido" e sua propaganda que distorce fatos e história.


Depois de Bourin, vemos caminhões e carros dando meia-volta em plena estrada Ramallah-Nablus. Mais à frente, colonos atiram pedras nos veículos. Melhor voltar do que se arriscar a ter a lataria amassada, um vidro quebrado, o rosto ferido, o crânio machucado. Seguimos para Nablus por uma rota alternativa.


Construída sobre sete colinas, Nablus tem igreja, mesquita e sinagoga. Os hebreus mais antigos, palestinos, moram ali, na cidade agroindustrial que produz alumínio, sabão, móveis, doces. E pedras, explorando e destruindo os belos montes de rocha branca.


Nosso destino inicial é Tullkarm, onde nos aguarda o governador Talal Dwekat e o prefeito. Aqui na Palestina, as cidades são administradas por um governador (indicado pelo governo, ao qual representa), um prefeito (eleito pela população, e que a representa) e um conselho legislativo. Em missão diplomática, fomos escoltados da entrada da cidade ao palácio do governo pela polícia.


No carro em que eu viajava, além do motorista, estavam Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil -- que me convidou para o passeio -- e sua sobrinha Fida Ibrahim, kwaitiana que vive no Canadá desde menina, onde trabalha como financial planner. No outro veículo seguiam Lígia Maria Scherer, embaixadora do Brasil junto à Autoridade Nacional Palestina, seu chefe de gabinete e a ex-senadora Serys Slhessarenko (PT).


Tive os 15 minutos de glória que Andy Warhol previu como direito de cada um. Descemos dos carros sob lentes de fotógrafos e de cinegrafistas, com jornalistas ao redor. Ganhei faixa palestina e medalha por trabalhar pela liberdade da Palestina, homenagem que não é para mim, pessoal, mas que recebi como simbólica, extensiva a todos os ativistas, palestinos ou não, vivos e mortos, ligados à causa palestina -- que é a causa da defesa de nossa humanidade contra os valores financeiros e militares da dominação sionista. Me agradeceram por informar ao Brasil o que acontece de fato na Palestina. Não é preciso. Faço pelo prazer que tenho pela causa. Sou feliz assim, e isso me basta.


Vãos 15 minutos. Diante do quadro apresentado pelo governador, só se pode ter mais disposição para a batalha. Dwekat resumiu a tragédia provocada pelos sionistas: deportação de militantes estrangeiros, colonização (sob o eufemismo "assentamentos"); o roubo diário das terras palestinas; os ataques diários dos colonos judeus aos palestinos; a perda das terras agrícolas numa região em que a agricultura era a atividade econômica principal, provocando o desemprego e a miséria de milhares de camponeses; o confisco, até agora, de 39 mil donuns (cada donum corresponde a mil metros quadrados) para a construção do muro do apartheid. O muro, por sinal, é o responsável pelos 21% de desemprego de Tullkarm, o mais alto de West Bank. A cidade é vizinha de Israel e, como desde 2002 muito pouca gente pode ir até lá -- o Estado sionista concede hoje apenas 10% dos vistos que concedia dez anos atrás [para entrar em Israel, os palestinos precisam de uma licença, um visto, especial] --, a perda dos empregos foi ainda mais brutal.


Há mais. As patrulhas do exército israelense entram ali a qualquer momento, afetando a vida da população e os órgãos de segurança locais. Sem contar as barreiras militares israelenses, que seguram estudantes e doentes por até 24 horas nos postos de controle (checkpoints) montados por Israel em solo palestino.


Fábricas poluidoras, proibidas em Israel, foram para Tullkarm, em terras confiscadas. Os resíduos tóxicos produzidos por elas afetam o sistema respiratório e provocam câncer. Depois de instaladas, essas indústrias receberam permissão (de Israel) para trabalhar 24 horas por dia. Interessante é saber que, quando o vento sopra para Israel ou para as colônias israelenses ilegalmente construídas na cidade, as fábricas, por acordo assinado com o governo israelense, param de funcionar, para não levar resíduos aos habitantes judeus. Quando o vento vai para a Palestina, porém, elas continuam funcionando -- é o apartheid tóxico, contribuição sionista para o sofrimento do ser humano.


Os habitantes palestinos precisam manter janelas fechadas à noite, para não respirar os gases tóxicos. Estivemos perto das fábricas. Mal dá para aguentar o cheiro, e vê-se um pó esbranquiçado cobrindo tudo. As fábricas produzem coisas como fertilizantes e inseticidas. Faça uma ideia dos venenos respirados pelos palestinos de Tullkarm. Agora adivinhem para onde vai o lixo tóxico... Acertou: para a Palestina. Tudo isso desde 1992.


Dos 7 mil presos políticos palestinos encarcerados em Israel, 500 são da cidade. Crianças também são presas ou assassinadas pelos sionistas. Quando chove, as águas são represadas pelo muro e alagam as plantações. Israel impôs a Tullkam uma barreira tarifária, controlando tudo que entra e sai da cidade. Com isso, os administradores palestinos ficam sem saber o que chegou ou o que saiu e não conseguem cobrar impostos de maneira correta, o que também afeta a economia local, enfraquecendo-a. Sem contar o fato de que muitas vezes os sionistas enviam para Tullkam produtos vencidos, que não podem ser comercializados nem utilizados.


Quer mais? Quando a internet ajudar. Não prometo o dia porque o acesso aqui consegue ser pior do que o da Telefônica. Mas o Abdullah já pediu novos equipamentos, que devem ser instalados hoje ou na segunda-feira. Tomara que resolvam, porque a brincadeira sai cara: 200 sekels, cerca de 90 dólares. Para os padrões palestinos, uma fortuna.


Abraços a todas e a todos,


Baby


Fotos da sexta-feira, da manifestação e em casa: http://www.facebook.com/photo.php?pid=460128&l=e0e6720c08&id=100001092593499 [Filmei a manifestação, mas a filmagem não ficou boa. Não consegui fugir das bombas e manter a câmara no foco ao mesmo tempo. Vou editar, salvando o que for possível, e depois coloco no you tube.]


Fotos A caminho de Qalqilya: http://www.facebook.com/media/set/fbx/?set=a.189133744466377.46702.100001092593499&l=69cd416536

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