04 de agosto de 2011 • 13h00 • atualizado às 13h05
Os palestinos descartaram renunciar a sua intenção de pedir em setembro a adesão de um Estado palestino à Organização das Nações Unidas (ONU), apesar de uma recente proposta israelense de retomar as negociações. "O trem palestino vai partir rumo a Nova York", afirmou à AFP na noite de quarta-feira o negociador palestino Saeb Erakat, no início de uma reunião do comitê árabe sobre a gestão palestina na ONU, em Doha.
Erakat minimizou as recentes informações de que Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, estaria disposto a retomar as negociações de paz com base nas fronteiras de 1967, como pediu de maneira solene, em maio, o presidente norte-americano Barack Obama.
"São boatos vindos do gabinete de Netanyahu, que definimos como manobras e um simples ato de relações públicas", justificou.
Na terça-feira, uma autoridade israelense indicara que seu país estaria pronto para retomar as negociações.
"A ideia é que os palestinos renunciem ao seu projeto de agir unilateralmente na ONU", explicou ele, destacando os esforços para "elaborar um plano para que seja possível a retomada das negociações", iniciadas há várias semanas pelos Estados Unidos com o apoio do Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU).
A direção palestina, no entanto, teria muito a perder com a opinião pública caso renuncie na última hora a este projeto ao qual muito se dedicou, consideram analistas.
"Seria um golpe duro", observou Hani al Masri, um especialista em assuntos da Palestina.
De acordo com ele, "Israel teme a iniciativa dos palestinos, uma vez que acredita que a ONU poderia dar a eles o que Israel se nega a dar pelas vias da negociação", justifica.
A abertura atribuída a Netanyahu "tem como único objetivo demover o projeto palestino de se ir a ONU", afirmou por sua vez Ahmad Majdalani, membro do Comitê Executivo da Organização para Liberação da Palestina (OLP), muito cético em relação a vontade do primeiro-ministro israelense de regressar à mesa de negociações.
Netanyahu interveio recentemente para anular um encontro previsto entre Shimon Peres, chefe de Estado israelense, e Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. A reunião deveria ser o marco do reinício do processo de paz, acredita Majdalani.
Há vários meses Abbas repete que sua decisão de levar à ONU o pedido de adesão de um Estado com base nas fronteiras de 1967, ou seja, a totalidade da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, não é "uma manobra", mas sim um meio de retomar as negociações com um maior aparato.
"Seria errado pensar que indo à ONU os palestinos buscariam apenas pontos para melhorar sua posição nas negociações", afirmou Majdalani.
As negociações entre Israel e Palestina, brevemente retomadas em setembro de 2010 sob os olhares de Washington, estão estagnadas há dez meses.
Apesar de tanta determinação, Erakat mostra-se evasivo quanto a data do envio do pedido de adesão.
"Temos tempo", justificou, assegurando que o expediente "estaria pronto para ser apresentado antes da reunião da Assembleia Geral da ONU".
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