Não patrocine massacres. Boicote produtos israelenses.

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

29 DE NOVEMBRO: Dia Internacional de Solidariedade ao povo palestino.

Foi escolhida essa data porque em 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral da ONU aprovou a divisão da milenar Palestina em dois Estados: O Estado de Israel (judeu) e o Estado da Palestina (árabe), sendo que o segundo - o palestino - jamais se realizou. Na partilha, Israel ficou com a maior e mais rica parte do território. Sendo assim, desde a proclamação do Estado de Israel, os conflitos se agravaram.

Palestinos e judeus, ambos são descendentes de Abraão, a quem, segundo a Bíblia, teria sido prometida a terra de Canaã.

A origem do povo palestino remonta a 16 séculos antes da era cristã, quando cananeus, filisteus e outros povos habitavam a região. O território foi inúmeras vezes invadido, mas a população original resistiu, permaneceu na Palestina e deu-lhe o seu nome: "Filistin" (Terra de Gigantes).

Com a violenta ocupação romana, os judeus desertaram da resistência contra os invasores e espalharam-se pelo mundo no ano 135.

Na Europa, os judeus ricos começaram a se organizar em torno do movimento sionista para retornar à Palestina, no final do século XIX. Compraram terras, instalaram colônias, mas não levaram em conta o povo que habitava a região.

Conflitos começaram a aparecer a partir da década de 20 e, após a II Guerra Mundial (1945), o mundo descobriu, horrorizado, o massacre de judeus feito pelos nazistas e apoiou a criação de um Estado que abrigasse os sobreviventes do holocausto e impedisse que a situação tornasse a se repetir.

À proclamação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948 seguiram-se seis guerras.

Com ajuda dos Estados Unidos, Israel contituiu uma enorme e terrível força bélica e, massacrando aldeias inteiras os israelenses foram ocupando gradativamente o território do eventual Estado Palestino, até a totalidade. A maior parte da população palestina foi expulsa.

Exilados, nos países vizinhos, os palestinos organizaram-se para atacar Israel e chamar atenção do mundo para a injustiça histórica cometida contra o povo palestino.

Hoje, todos os acordos feitos em busca da paz encontram-se na estaca zero. A esperança de paz na região depende de o povo palestino ver assegurado o seu direito de existir numa terra que é e sempre foi sua, onde seus direitos sejam respeitados e para onde possam voltar os exilados.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O fracasso do Brasil na assistência aos refugiados palestinos

Em 1948 foi fundado o Estado de Israel no território da Palestina. Desde então começou a tragédia do povo palestino, a perseguição, os assassinatos, as prisões, as torturas, a destruição das suas casas, a expulsão e o refúgio em outros países.

Esta sequência do mapa da Palestina mostra a evolução da ocupação israelense do território palestino a partir de 1946. A área verde representa a população palestina e a área branca a população israelense.



Quando em 2003, George Bush ordenou a invasão do Iraque pelas forças militares estadunidense e passou a financiar mercenários xiitas iraquianos para perseguir e assassinar os sunitas, iniciou-se uma caçada aos palestinos que lá viviam, obrigando-os a procurar refúgio nos países vizinhos para não serem dizimados pela fúria assassina dos militares dos Estados Unidos e dos mercenários.

Sr. Teisir (foto), reassentado palestino no Rio Grande do Sul, pai de duas crianças, incapacitado para o trabalho e sem acesso ao benefício do INSS pela evidente deficiência no braço.











Na fuga, o grupo de palestinos, que hoje se encontra no Brasil, tentou entrar na Jordânia através do deserto de Ruweished, mas foram barrados quando já se encontravam 70 Km dentro daquele país, e, com a intervenção da ONU, foram conduzidos ao campo de refugiados de Ruweished onde já viviam milhares de refugiados palestinos.

Salah, 65 anos. Tem curso superior de contabilidade e letras. Fala àrabe e inglês e vive sozinho em Mogi das Cruzes. Precisa de assistência médica e odontológica, mas, o programa de reassentamento brasileiro não prevê a disponibilização de intérprete para acompanhá-lo. Não pode trabalhar no Brasil, devido a idade e o idioma.

Era para ser uma permanência curta naquele acampamento, mas arrastou-se por cinco longos anos, vivendo sob as piores condições imagináveis: tendas de lona, temperaturas altíssimas, acima de 50 graus durante o dia e baixíssimas à noite, enfrentando tempestades de areia e cobras e escorpiões do deserto.

Barracas são a moradia da família Orabi, em Brasilia. Loai (em pé) sofre de uma doença respiratória rara que o obriga a viver ligado a um botijão de oxigênio e não tem a menor assistência humanitária dos órgãos e ONGs responsáveis pelo reassentamento dos palestinos no Brasil. Inicialmente reassentados no Rio Grande do Sul, foram para Brasília na tentativa de conseguir o direito de ser reassentado em outro país que dê o tratamento que o Loai precisa.

Em 2007, quando lhes foi dada a notícia de que a Jordânia havia determinado a desativação do acampamento e que o vários países estavam dispostos a recebê-los, ficaram felizes, pois o pesadelo finalmente parecia estar terminando. Mas, já no decorrer dos procedimentos para definir quantos e quais deles iriam para qual país, começaram a se desfazer as ilusões.

Foto que ilustra a página inicial do blog "acampados do acnur", blog construído por pessoas solidárias ao protesto dos palestinos em Brasília.
http://acampadosnoacnur.blogspot.com/


Os países dispostos a recebê-los informaram a ONU a quantidade que receberiam, sem direito de escolha para os palestinos. Com isso, famílias foram separadas, indo membros de uma mesma família para países distintos. Só os que persistiram muito conseguiram seguir com a família unida para um único país.

Sr. Hamdan, faleceu em 21 de outubro de 2009, em Brasília, onde estava em protesto junto com outros 21 palestinos contra o descaso brasileiro com a precária situação em que foram deixados os refugiados.




Para os que vieram para o Brasil, o pesadelo não acabou e já há quatro anos aqui, a tragédia parece infindável.


Huda Dawaymeh (em pé), grávida de 8 meses, quando protestava em Brasília, juntamente com outros palestinos de Mogi e do Rio Grande do Sul, para serem tratados com dignidade pelo governo brasileiro.







O Brasil, revelou-se um dos piores paises (senão o pior) na recepção a refugiados de qualquer nacionalidade, mas neste artigo pretendo deter-me à recepção feita pelo Brasil em 2007 aos refugiados palestinos do acampamento de refugiados de Ruweished.


Sr. Khaled Sabri. Faleceu em abril de 2010.





Com uma população de 190 milhões de habitantes e apenas pouco mais de quatro mil refugiados de várias nacionalidades, ainda assim esses poucos refugiados recebidos pelo Brasil, uma vez em solo brasileiro são completamente abandonados à própria sorte, humilhados quando procuram ajuda, justamente pelas partes que recebem as verbas da ONU e têm a estrita função de assití-los, sem nenhuma assistência direta por parte do governo, seja federal, estadual ou municipal, sem nenhuma consideração e respeito ao seu traumático passado que os levaram a necessitarem de refúgio em outro país, ou seja, o governo brasileiro parece não entender que, em se tratando de refugiados, principalmente de idioma e cultura tão diferentes da brasileira, não basta aceitar recebê-los, é preciso e necessário acolhê-los com espírito humanitário e garantir-lhes a máxima facilidade, a mínima burocracia para sua perfeita e rápida integração à nova sociedade que as circunstâncias lhes impuseram viver.

Sr. Farouk, mostrando a barraca em que ficou vivendo na frente da sede da ACNUR-Brasil, em protesto contra o descaso. O protesto foi para que os representantes da ACNUR lhes concedesse o direito de serem reassentados com mais dignidade em outro país.



Os palestinos de Ruweished recebidos pelo Brasil eram em quantidade, segundo fontes extra oficiais, 117, trazidos em quatro grupos entre setembro e novembro de 2007, já, as fontes oficiais informam que foram 107, trazidos em três grupos, entre setembro e outubro daquele ano. A estranheza que tange a questão dos refugiados palestinos no Brasil já começa por essa discrepância na verdadeira quantidade que foram trazidos pela ACNUR.



Micro-escuta encontrada por um dos refugiados na fechadura do guarda-roupa doado pela Cáritas Brasileira de Mogi das Cruzes.





Os locais de reassentamento desses palestinos também causam estranheza; ao invés de serem reassentados todos numa única cidade e próximos umas famílias das outras, foram 57 reassentados na cidade de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo e os demais em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. Essa é a informação veiculada quando da vinda deles para o Brasil. E, dentro dessas cidades também foram instalados distantes umas famílias das outras. Esse fato e o fato de terem sido deixados em dificuldade financeira extrema, deixam claro que havia o objetivo de impedir que formassem uma comunidade unida e organizada para lutarem pelos seus direitos.



Nouzha H. M. Allouh (foto), depois de 9 anos separada do filho Hossam, um dos reassentados em Mogi das Cruzes, foi trazida no programa de reunião familiar, vindo a falecer após três meses no Brasil.




O CONARE (Comitê Nacional para Refugiados), órgão do governo federal, subordinado ao Ministério da Justiça, resumiu-se a dar a autorização para que a ACNUR-Brasil (Auto Comissariado das Nações Unidas no Brasil) os trouxesse, eximindo-se assim de qualquer responsabilidade pelo descaso. A ACNUR, que também exime-se de qualquer responsabilidade pelo descaso, escondendo-se atrás de uma certa "imunidade diplomática", resumiu-se à tercerizar as suas funções e responsabilidades às ONGs Cáritas Brasileira e a partir de 2010 ao Centro de Defesa de Direitos Humanos Padre João Bosco Burnier", sediado na cidade de Guarulhos para assistir aos reassentados em Mogi das Cruzes e ASAV - Associação Padre "Antônio Vieira" para cumprir com essa função aos reassentados em Venâncio Aires, ONGs essas que também eximem-se de responsabilidades. Sendo assim, não se trata de uma parceria público/privada para ajudá-los, mas sim, um conluio entre Governo, ACNUR, Cáritas Brasileira, CDDH de Guarulhos e ASAV, para prejudicá-los e dificultar a definição de responsáveis pelo mal tratamento dispensado a esses palestinos.



Sr. Mohammad, faleceu em 05 de março de 2011, aos 70 anos, pelo descaso dos responsáveis pelo reassentamento com sua idade avançada e seus problemas de saúde.








O fato concreto é que entre todos os entes governamentais e não governamentais envolvidos diretamente no processo de reassentamento dos palestinos parece ter havido um conluio para que as famílias permanecessem "invisíveis" ao público brasileiro e estrangeiro, para que as notícias das mazelas que cometem contra eles não cheguem ao conhecimento do grande público e se transforme em verdadeiros escândalos políticos na imprensa.



Sr. Khaled Said Abu Taha, vítima do descaso, faleceu em novembro de 2010, por ter seu laudo médico extraviado pelos responsáveis pelo reassentamento e esse laudo indicava necessidade de cirurgia devido a um nódulo na tireóide que acabou evoluindo para neoplasia malígna e foi a causa da sua morte.


Contra a vontade deles e da Autoridade Palestina, o Brasil ofereceu-se, insistiu e fêz promessas para trazê-los, promessas estas jamais cumpridas em quase a totalidade, de olho na candidatura brasileira a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Não é à toa que todas as notícias veiculadas pela ACNUR-Brasil tratam de supervalorizar o feito de o Brasil ter trazido os palestinos como um ato de benevolência e solidariedade do nosso país, mas, longe do conhecimento público, trata de tentar calá-los à força, cortando (como cortou) a ajuda humanitária dos que ousaram protestar contra o descaso.

Sr. Ghazi Shahin, 65 anos. Era músico de renome no mundo árabe e diretor do cineteatro de Bagdah. É excelente cozinheiro também. Sem poder trabalhar, devido a idade avançada, saúde fragilizada e à dificuldade idiomática, foi punido com a suspensão do seu auxílio subsistência por alguns meses após reclamar da irresponsabilidade dos funcionários da CDDH de Guarulhos que até hoje, desde que assumiu o lugar da Cáritas Brasileira não encaminhou a correção dos dados para regularização do seu RNE e da sua família junto à polícia federal.


O CONARE jamais se manifesta, mesmo quando provocado, a ACNUR se defende alegando "imunidade diplomática" para não arcar com suas responsabilidades e as ONGs responsáveis simplesmente agem como uma extensão da ACNUR na defesa aguerrida do programa de reassentamento e também nos maus tratos aos palestinos que procuram por ajuda. As prefeituras das cidades de reassentamento não só deixam de ajudar como também, os exclui de programas sociais garantidos constitucionalmente a brasileiros e estrangeiros que, por pouco que representem, faz muita falta a eles e a imprensa empresa dessas cidades deixam de publicar matérias que possam evidenciar a verdadeira situação a que os palestinos foram submetidos.

Ibtissam, 68 anos, viúva do Sr. Mohammad Tamimi que faleceu em março de 2011.













O objetivo do conluio dos órgãos oficiais e entidades responsáveis de mantê-los "invisíveis" e de o descaso perdurar e não virar notícia de jornal parece ter sido alcançado plenamente, visto que pouquíssimos brasileiros têm conhecimento da existência desses palestinos entre nós e, desses poucos, a maioria desconhece os problemas que eles passam realmente ou têm uma visão fabricada e deturpada por uma mídia "vendida" de que eles têm melhores condições econômicas e sociais do que nós brasileiros. Alguns brasileiros até chegam a acreditar que eles recebem um tratamento privilegiado e são ingratos por protestar.

Sra. Hachida, faleceu em 2010.





É inadmissível que um país rico como o Brasil, que tem fama mundial de ter um governo democrático e um povo solidário, trate com tanta irresponsabilidade e descaso a questão do refúgio de estrangeiros no nosso país. É preciso que essa verdade cruel seja denunciada ao mundo todo, que a vergonha do Brasil seja exposta para o povo brasileiro e para o mundo todo ver e saber o que realmente se passa.

Pessoas em situação de refúgio precisam ser recebidas com a máxima atenção. A solução de seus problemas têm que ser rápidas e eficazes. Como acontece na Suécia, por exemplo, é preciso que o Brasil tenha funcionários disponibilizados em quantidade suficiente, 24 horas por dia e devidamente treinados para auxiliá-los em todas as suas demandas, em especial nas áreas de assistência social, médica/odontológica, idiomática, educacional, econômica, habitacional e jurídica para lhes garantir inclusão social, acessibilidade, adaptação e integração na nova sociedade em que as trágicas circunstâncias passadas em suas vidas lhes obrigaram a viver.

Que ninguém se engane com o Brasil. Enquanto outros países realmente acolheram refugiados palestinos com dignidade, respeito a todos os seus direitos de pessoas humanas que são e verdadeira motivação humanitária, o Brasil simplesmente os "sequestrou", os confinou em território brasileiro, negando-lhes o direito de procurar refúgio em outro país, trata-os com crueldade, não lhes dá assistência devida e, como se não bastasse, tenta calá-los a qualquer custo quando ousam exigir seus direitos; mas, alardeia aos quatro cantos do planeta o contrário disso para fazer crer aos menos avisados de que eles são os ingratos, numa repugnante tentativa de autopromoção perante os outros países.


Alguém em sã consciência poderia acreditar que uma pessoa em situação de refúgio, de idioma árabe, com a saúde debilitada, teria condições de adaptar-se e integrar-se numa sociedade completamente estranha à sua, de idioma português, péssimo sistema de saúde e custo de vida altíssimo, com um auxilio subsistência miserável de apenas 350 dólares por mês e sem uma casa própria, num programa pré-concebido para encerrar-se em dois anos? Pois é, qualquer um de nós sabe ser impossível, mas o Brasil insistiu em trazê-los mesmo assim.

domingo, 13 de novembro de 2011

Movimentos brasileiros contra o apartheid de Israel

Por: Frente em Defesa do Povo Palestino-SP*

Nestes dias, em várias partes do mundo, têm sido realizadas iniciativas contra o apartheid na Palestina. As atividades integram a Semana Global contra o Muro, que vai até 16 de novembro. Capitaneada pela ONG Stop the Wall, que promove em três locais na Cisjordânia manifestações no período, esta teve início não por acaso no dia 9.

A data marca a queda do muro do Berlim, ocorrida em 1989.

Vale destacar que enquanto aquele tinha três metros de altura e 155 km de extensão, a barreira na Cisjordânia, território ocupado ilegalmente por Israel, chega respectivamente a nove metros e terá, quando concluída, 770 km de comprimento.

A construção foi iniciada em 2002 e, apesar de condenada dois anos depois pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, não foi interrompida. Tal, como lembrou o historiador André Gattaz em artigo de sua autoria intitulado “Ilusões sobre o processo de paz na Palestina”, trata-se na verdade de “um complexo de fortificações composto por muros, cercas, fossos, barreiras, portões de controle, torres de segurança e equipamentos de vigilância eletrônica, orçado em mais de um milhão de dólares o quilômetro”. Ainda conforme o especialista, “embora o governo israelense denomine-o ‘cerca de segurança’, vem sendo conhecido no restante do mundo como ‘muro da vergonha’ ou ainda ‘muro do apartheid’, numa triste recordação dos tempos do apartheid que separava negros e brancos na África do Sul 9(...)”. Não à toa: juntamente com os postos de controle, estradas exclusivas, assentamentos e outros aparatos da ocupação israelense, além de anexar terras, separa famílias e restringe ainda mais o acesso a direitos fundamentais aos palestinos, tais como a ir e vir, à educação, à saúde, ao trabalho.

Contra isso, ativistas em dezoito países encamparam a ideia da Semana Global, nos diversos continentes. No Brasil, um debate intitulado “O muro do apartheid e a resistência palestina”, promovido no dia 8 último pela Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo e Apropuc (Associação dos Professores da PUC), nessa universidade na Capital paulista, integrou a iniciativa.

Destaque ao BDS
Além de contextualização histórica pela jornalista brasileira que reside na Cisjordânia e de relato do líder palestino Abdallah Abu Rahmah sobre a resistência contra o muro na pequena aldeia de Bil´in, a oportunidade serviu para se refletir sobre estratégias para fazer frente ao apartheid de Israel a partir do Brasil.

Aqui, atendendo a chamado da sociedade civil palestina que vem sendo feito desde 2005, a Frente em Defesa do Povo Palestino e a Frente Palestina da USP (Universidade de São Paulo) lançaram no dia 20 de setembro último a campanha brasileira por BDS (boicotes, desinvestimento e sanções).

Esta conta com o aval de várias organizações da sociedade civil brasileira, tais como comitês de solidariedade e sociedades árabes-palestinas em diversos estados brasileiros, Marcha Mundial de Mulheres, Movimento Mulheres em Luta, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), PSOL-SP (Partido Socialismo e Liberdade, mandato do deputado federal Ivan Valente), PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), PCB (Partido Comunista Brasileiro), Revolutas, Mopat (Movimento Palestina para Tod@s), UNI (União Nacional das Entidades Islâmicas), Assisp (Associação Islâmica de São Paulo), Liga da Juventude Islâmica do Brasil e Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre).

Neste ano, o pleito central da campanha global é que nos diversos países se priorize o embargo militar integral a Israel, até que se cumpram as reivindicações fundamentais dos palestinos, a saber: o fim imediato da ocupação militar e colonização de terras árabes, e a derrubada do muro do apartheid, que vem sendo construído na Cisjordânia desde 2002, dividindo terras, famílias e impedindo os palestinos do direito elementar de ir e vir; o reconhecimento dos direitos dos cidadãos palestinos à autodeterminação, à soberania e à igualdade; o respeito, proteção e promoção do direito de retorno dos refugiados palestinos às suas terras e propriedades, das quais vêm sendo expulsos desde 1948, quando foi criado unilateralmente o Estado de Israel, até os dias atuais.

Principal campanha internacional de solidariedade ao povo palestino e contra qualquer forma de discriminação naquelas terras, a campanha do BDS redundou em conquistas importantes em diversas outras partes do mundo, como o rompimento de contratos milionários com empresas que atuam na construção do muro, de assentamentos ilegais ou de outros aparatos que sustentam a segregação na Palestina.

Apesar de esse movimento vir se expandindo em todo o globo, no Brasil algumas ações vão na contramão dessa corrente, como a adesão do País ao TLC (Tratado de Livre Comércio) Mercosul-Israel e negociações comerciais bilaterais com a potência ocupante, incluindo a assinatura de acordos militares e de tecnologia bélica. Amplo estudo promovido pela Stop the Wall denuncia que o TLC inclui a venda em território brasileiro de produtos e serviços feitos em assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia, bem como de tecnologias de defesa e segurança, as quais têm sido usadas nos ataques contra os palestinos.

Ainda na contracorrente, a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, passou a abrigar instalações da empresa israelense Elbit Systems, que atua na área de tecnologia militar e é especialista em construção de veículos não tripulados, os quais foram amplamente usados nos ataques aos palestinos de Gaza em final de 2008 e início de 2009.

Uma das 12 companhias envolvidas na construção do muro do apartheid, a Elbit já assinou contratos no Brasil, como com a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) e as Forças Armadas. Ademais, a Taurus, instalada também em Porto Alegre, passou a montar o rifle israelense Tavor. Além disso, conceituadas universidades têm firmado acordos de cooperação e intercâmbio com instituições israelenses, sobretudo nos últimos anos. Entre elas, a USP, que fechou nos últimos quatro anos 15 convênios do gênero em diversas áreas. Um deles inclusive com universidade situada num dos maiores assentamentos ilegais na Cisjordânia.

A organização Stop the Wall alertou, em relatório, que essas iniciativas garantem que as guerras, ocupação e colonização israelenses continuem a gerar lucros. E enfatizou: “Esses laços militares põem em questão o compromisso do governo brasileiro em apoiar os direitos humanos, a paz e a criação de um Estado palestino e parecem contradizer as atuais alianças brasileiras e interesses na região. É preocupante que o Brasil entregue o dinheiro dos impostos dos seus cidadãos às empresas de armamento israelenses. O Brasil não pode conciliar a cumplicidade com as graves violações da lei internacional por parte de Israel e as aspirações a potência mundial emergente, defensora do respeito à lei internacional e aos direitos humanos.”

Perante esse cenário, a campanha nacional reivindica que o governo brasileiro e suas instituições, bem como empresas públicas e privadas nacionais e/ou instaladas neste País, imponham embargo militar e econômico a Israel, através do rompimento de acordos, contratos e suspensão na aquisição de produtos e serviços, os quais financiam cotidianamente a violação dos direitos humanos do povo palestino e a ocupação de suas terras. Para tanto, a ideia é intensificar as iniciativas em prol do BDS no Brasil.

Além de pressionar o Executivo Federal para que promova sanções e desinvestimentos, outra frente de atuação recomendada, nesse sentido, é por boicotes cultural, acadêmico e a produtos e serviços que financiam a ocupação israelense. No Brasil, a proposta central aos consumidores é que boicotem a Café Três Corações. Principal indústria do produto no mercado mineiro, tal está nas mãos da empresa israelense Strauss-Elite. Com 18 fábricas espalhadas pelo mundo, sendo nove delas em Israel, essa companhia, segundo denunciado na internet, tem apoiado a colonização e opressão do povo palestino. Em seu site em hebraico, constaria o suporte explícito às forças de ocupação israelenses, inclusive com a cessão de equipamentos de lazer aos militares.
Brigadas envolvidas nos ataques à faixa de Gaza em 2008-2009, que resultaram na morte de 1.400 palestinos, incluindo 350 crianças, têm contado com o apoio da Strauss-Levi. Portanto, comprar o Café Três Corações e marcas adquiridas por essa indústria, tais como Fino Grão e Santa Clara, é dar lucro para grupo que investe na matança de palestinos.

Na Europa, o boicote a produtos e empresas da Strauss-Elite já pegou. Aqui, o grupo é o vice-líder do segmento, atrás apenas da estadunidense Sara Lee, que também tem investido pesado nesse mercado. O Brasil, que já foi considerado o país do café, está sendo alvo de Israel e dos Estados Unidos.

Como lembra Gattaz no mesmo artigo, o País, como signatário da Convenção de Genebra, se não por razões humanitárias, em cumprimento à lei internacional não pode se calar diante da opressão e da injustiça. Todavia, enquanto a sociedade civil organizada se manifesta, é o que autoridades, algumas empresas e universidades vêm fazendo, ao negociar com Israel.

Em entrevista ao Le Monde Diplomatique, em maio de 2008, o ativista palestino Mustafá Barghouti destacou que mais terrível do que a situação a que são submetidos os palestinos diariamente é o silêncio internacional. “Chegamos a pensar que o mundo não quer tomar conhecimento de nossa tragédia. Que fechou olhos, boca e orelhas. A desgraça palestina está órfã.”

A Semana Global contra o Muro do Apartheid é mais uma oportunidade para que se exija do governo brasileiro e dessas instituições que façam diferente.

*Formada quando dos ataques israelenses a Gaza em 2008/2009, a Frente em Defesa do Povo Palestino-SP reúne dezenas de organizações da sociedade civil brasileira e integra este movimento em apoio ao povo palestino.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Palestra: A Palestina vista de dentro

O que realmente acontece na Palestina, os brasileiros desconhecem. As grandes empresas da mídia capitalista, colaboracionistas com o Israel, em geral nos mostra Israel como vítima e os palestinos como vilões e essa é a imagem que fica em nossas mentes e falseiam a realidade. Por isso, compareça à palestra de Abdallah Abu Rahmah , uma das mais destacadas lideranças da resistência pacífica palestina, e Bernadette Siqueira Abrão (Baby Abrão), que acontecerá neste sábado em Mogi das Cruzes, em dois locais: às 14 horas, na Mesquita de Mogi das Cruzes (av. Henrique Eroles, 200 - Alto do Ipiranga) e às 18 horas na subsede da APEOESP (rua Barão de Jaceguai, 84 - Centro).



domingo, 6 de novembro de 2011

Palestina para os palestinos

Os sionistas orquestraram a invasão da Palestina desde o final do século XIX para alí criarem um estado judeu e chegaram ao seu intento em 1948 e contra a justa e necessária resistência do povo palestino contra essa invasão, Israel se utiliza permanentemente de ataques bélicos brutais que assassinam milhares de palestinos e dizem que fazem isso em legítima defesa.

Mas, como pode Israel alegar legítima defesa, se quem teve a terra invadida foi a Palestina?

Os palestinos sim, têm legitimidade e justiça para alegar legítima defesa e expulsar os que assassinam palestinos para se adonar de suas terras. Os palestinos, sim, merecem a solidariedade de todas as pessoas de bem, de qualquer parte do mundo.

O território onde hoje denominam de Israel é e sempre será a Palestina e os invasores são os sionistas e seus seguidores que criaram o fictício estado de Israel.

Por isso, não importa quanto tempo ainda demore, mas, com a determinação e resistência do povo palestino e a rede de solidariedade espalhada em todos os países, a Palestina voltara a ser dos palestinos, sem discriminação contra os judeus que lá queiram morar, como sempre foi, antes de 1948.
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