Não patrocine massacres. Boicote produtos israelenses.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Khader Adnan termina greve de fome após acordo para sua libertação
http://1territorio.wordpress.com/2012/02/21/khader-adnan-termina-greve-de-fome-apos-acordo/
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Única usina elétrica de Gaza fecha por falta de combustível
"Perdemos a principal fonte de eletricidade em Gaza, que sofre de uma grave carência de provisão de energia", informou o diretor de dados energéticos do órgão, Ahmed Abu al-Amarin, em entrevista coletiva concedida em Gaza.
A paralisação irá impedir que sejam atendidas as necessidades de hospitais, assim como o bombeamento e o tratamento de água fornecida às escolas, segundo advertiu Al-Amarin.
A interrupção foi causada por falta de diesel industrial, que é contrabandeado do Sinai egípcio através de túneis a um preço bastante inferior ao que deveria ser importado legalmente de Israel.
Há um mês o governo do Hamas na faixa não compra diesel de Israel por dificuldades nas negociações e a Autoridade Nacional Palestina garantiu o abastecimento da central com o combustível que chega pelos túneis, informou à Agência Efe Guy Inbar, porta-voz da Administração Civil israelense, o organismo militar que administra a ocupação.
Israel não recebe os pedidos porque o Executivo islâmico não transfere o custo do combustível à ANP, com sede em Ramala, e esta, que atravessa uma grave crise econômica, se recusa a custear a fatura.
O Escritório de Assuntos Humanitários das Nações Unidas calcula que até a interrupção da provisão ilegal entraram entre 300 mil e 400 mil litros de diesel por dia em Gaza.
Al-Amarin responsabilizou Israel pela situação e por "dar as costas" a Gaza, e pediu ao Egito e seu Parlamento que levem em conta "a responsabilidade" de seu país em relação à região palestina.
Em 2009, a União Europeia (UE) deixou de subsidiar o pagamento do combustível derivado de petróleo para a central elétrica, que fechou temporariamente em várias ocasiões nos últimos anos e foi bombardeada por Israel em 2006, em represália pela captura do soldado Gilad Shalit, libertado em outubro em troca de mais mil presos palestinos.
A usina gera em torno de 35% da eletricidade que Gaza consome, enquanto Israel e Egito vendem os 65% restantes.
Em uma visita ao Egito em dezembro, o chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, acertou com o Cairo um aumento do fluxo elétrico oficial. Porém, a promessa ainda não foi cumprida, informou um funcionário da autoridade energética de Gaza à agência Ma'an.
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5612313-EI308,00-Unica+usina+eletrica+de+Gaza+fecha+por+falta+de+combustivel.html#tarticle
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Ashraf Abu Rahmah foi condenado pelo Tribunal Militar de Israel a seis meses e meio de prisão
Correspondente no Oriente Médio
O Tribunal Militar da prisão israelense de Ofer condenou no domingo, 15 de janeiro, o ativista de direitos humanos Ashraf Abu Rahmah a seis meses e meio de prisão e ao pagamento de 3 mil shekels (a moeda de Israel). O “crime” de Ashraf: participar das passeatas não violentas contra o muro e as colônias construídos ilegalmente por Israel em terras palestinas.
A reportagem de Brasil de Fato estava presente à manifestação de Bil’in em que Ashraf foi preso e viu sua prisão. Em 21 de outubro de 2011, uma sexta-feira nublada e enevoada de outono, ele pouco se aproximou do muro que separa a área C do vilarejo da colônia judaica de Modi’in Illit. Permaneceu quase o tempo todo numa colina próxima, conversando com um amigo inglês que não via há anos. No final da manifestação – particularmente violenta, com o exército israelense atirando, quase sem parar, balas de metal cobertas de borracha, granadas e bombas de gás que provocavam queimadas –, Ashraf tomou a estradinha que leva ao centro de Bil’in, de volta para casa.
Mas jipes do exército entraram no parque Abu Lemon, onde as manifestações terminam. E prenderam Ashraf. Ativistas palestinos e israelenses, e a reportagem de Brasil de Fato, correram em sua direção. Alguns ainda tentaram evitar o aprisionamento, conversando com os soldados, mas não houve jeito. Ashraf foi empurrado para um dos jipes e levado para a prisão.
Para justificá-la, e para mantê-lo atrás das grades, os soldados alegaram que Ashraf atirara pedras contra eles. Na primeira audiência, fotos, vídeos e testemunhas desmentiram essa versão. Por isso, o tribunal precisou de outra justificativa. Para casos assim, ela é bem conhecida: o acusado estava em zona militar fechada, onde só é permitido o acesso do exército de Israel. Essa é outra solução encontrada pelos sionistas para criminalizar os ativistas de direitos humanos que participam das passeatas não violentas das sextas-feiras, organizadas na maioria das vilas palestinas. Ao declará-las zonas militares fechadas, eles se dão o direito de prender e punir não apenas os ativistas, mas, se quiserem, todos os habitantes dos vilarejos.
Ashraf é irmão de Bassem e Jawaher Abu Rahmah, assassinados por soldados sionistas em abril de 2009 e janeiro de 2011, respectivamente. Bassem foi atingido por um cânister de diâmetro largo, atirado a pouca distância com uma espingarda de alta pressão, e morreu na hora. Jawaher, intoxicada pelos gases expelidos por bombas e granadas, desmaiou e foi levada ao hospital de Ramala em 31 de dezembro de 2010. Morreu um dia depois. Alguns médicos desconfiam de que, pelos efeitos devastadores dos gases no corpo de Jawaher, foi adicionado fósforo branco à composição das bombas.
Apesar do drama familiar, Ashraf é um homem bem-humorado, que gosta de estar com os amigos, de visitá-los. Suas gargalhadas altas costumam ecoar pelo centro da vila, provocando empatia nos moradores. É um ativista corajoso, que conhece os riscos e não foge deles. Sua bravura e sua admiração por Che Guevara fizeram com que recebesse o apelido de “Che Guevara palestino”. Vítima do desemprego causado pela ocupação israelense, ele coloca seu tempo à disposição de todos, ajudando no que for necessário. Nos sete meses em que a reportagem de Brasil de Fato ficou sediada em Bil’in, Ashraf foi presença constante, levando notícias sobre a vila e a resistência, convidando para o falafel vendido na esquina e para cafés em sua casa.
Os soldados o conhecem bem. Sabem que ele é incapaz de cometer atos violentos e de causar mal a quem quer que seja. Sua prisão se deveu a motivos políticos: humilhar os palestinos até que saiam de suas terras, para que elas possam ser anexadas a Israel. Uma lei israelense torna possível, ao governo, a posse de qualquer propriedade palestina da qual o dono tenha se afastado por um determinado período. Mas os palestinos, como se sabe, continuam resistindo. E, como Ashraf sempre fazia quando em liberdade, afirmam que nada os fará desistir.
A Coordenação dos Comitês da Luta Popular Não-Violenta Contra o Muro e as Colônias, com sede em Ramala, Palestina, declarou que a prisão de Ashraf não vai impedir a realização das passeatas das sextas-feiras em toda a Cisjordânia.
Veja o vídeo da manifestação e da prisão de Ashraf: http://youtu.be/ovmEgBpnrrM. Aqui, momentos do ativismo de Ashraf, homenagem prestada pelo amigo Hamde Abu Rahmah e postada no dia seguinte à prisão: http://youtu.be/BokjumcHWPs.
Neste outro vídeo (http://youtu.be/ohPea5e11Qw), você verá o parque Abu Lemon e, atrás do muro construído em Bil’in, a colônia de Modi’in Illit. Também ouvirá Ashraf criticar os organizadores das passeatas, ligados ao Fatah (maior partido da Palestina), os quais, segundo ele, cooptam os moradores de Bil’in, bem como ativistas israelenses e estrangeiros, para servir à propaganda da Autoridade Palestina. O resultado dessa cooptação é a queima de oliveiras e de carvalhos, além de ferimentos, prisão, mortes, intoxicações e incursões militares que espalham terror nas vilas. “Quem perde com isso?”, Ashraf questiona. E responde: “Nós perdemos”.
sábado, 14 de janeiro de 2012
LIBERDADE PARA MAHMOUD ZWAHRE E YOUSEF ABDEL HAQ! LIBERDADE PARA TODOS OS PRESOS POLÍTICOS PALESTINOS!
MST BRASIL
LIBERDADE PARA MAHMOUD ZWAHRE E YOUSEF ABDEL HAQ,
AMIGOS DO MST E DA VIA CAMPESINA PRESOS PELO
GOVERNO FASCISTA DE ISRAEL
São Paulo-Brasil, 13 de janeiro de 2012.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST vem a público para denunciar a prisão ilegal de Mahmoud Zwahre (liderança dos Comitês Populares-Palestina) e do Dr. Yousef Abdel Haq (intelectual palestino de esquerda, de 70 anos, grande militante da luta contra a ocupação israelense).
Os dois companheiros são amigos do MST e da Via Campesina, e apóiam a luta dos trabalhadores do Brasil por terra e reforma agrária.
O companheiro Yousef esteve contribuindo como expositor no 1º. Encontro de Camponeses, Trabalhadores Rurais e Pescadores da Palestina, organizado pela União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC-Palestine), MST (Brasil), Centro de Informação Alternativa (AIC-Palestine), União dos Comitês de Mulheres Palestinas (UPWC-Palestine) e MUNDUBAT, em novembro de 2011. Ele emocionou a todos com suas palavras de solidariedade para com as lutas populares do povo brasileiro e sobre a necessidade de unir os movimentos sociais do Brasil e da Palestina na luta pela construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
O companheiro Mahmoud nos honrou com sua presença no 1º. Encontro Nacional de Solidariedade ao Povo Palestino, que ocorreu em novembro de 2011 na Escola Nacional Florestan Fernandes, a nossa escola de formação política, em São Paulo – Brasil. Além de falar sobre a importância da resistência popular civil nas diversas vilas e cidades palestinas, ele conheceu as lutas de trabalhadores rurais e urbanos, e nos ajudou a compreender melhor a situação de apartheid imposta por Israel ao povo palestino.
Os dois são companheiros e amigos d@s trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.
Nós, do MST, convocamos todas as forças progressistas, populares e de esquerda do Brasil a repudiar este ato ilegal do Estado colonialista israelense. Dos campos e cidades de nosso imenso país enviamos um grande e fraterno abraço de solidariedade aos lutadores Mahmoud e Yousef, com a certeza de que nada nem ninguém pode deter um povo que luta pela sua libertação.
A luta do povo palestino por sua terra, por democracia, justiça, transformações sociais e pelo retorno dos refugiados é um direito inalienável.
A resistência popular palestina é uma luta legítima pela libertação nacional, por soberania e autodeterminação e não pode ser criminalizada.
Pelo fim da ocupação israelense na Palestina!
LIBERDADE PARA MAHMOUD ZWAHRE E YOUSEF ABDEL HAQ!
LIBERDADE PARA TODOS OS PRESOS POLÍTICOS PALESTINOS!
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA- MST BRASIL
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Ataque a mesquita é uma declaração de guerra,
Autoridade Nacional Palestina (ANP) considerou o incêndio de uma mesquita na Cisjordânia, supostamente provocado por colonos judeus, uma verdadeira "declaração de guerra", informou nesta quinta-feira um porta-voz oficial.
"O ataque de lugares de culto supõe uma declaração de guerra por parte dos colonos (judeus) contra o povo palestino", declarou Nabil Abu Rudeina, porta-voz da Presidência da ANP, à agência oficial palestina "Wafa".
Segundo Rudeina, o Governo israelense deve adotar medidas urgentes para conter a violência e os ataques dos radicais judeus, assim como a própria comunidade internacional.
O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, também condenou a violência diária dos extremistas israelenses contra propriedades e indivíduos palestinos, além da falta de punição por parte do Governo israelense para conter estes atos, que, por sinal, se multiplicaram nas últimas semanas.
Em comunicado, Fayyad declarou à comunidade internacional que o Executivo israelense é o principal responsável pelo aumento da violência por parte dos colonos.
O Governo palestino denunciou que as forças israelenses fazem um uso excessivo da força para conter manifestações palestinas - assim como ocorreu na última sexta-feira, quando um palestino morreu com o disparo de uma granada de gás lacrimogêneo na região de Nabi Saleh -, enquanto não fazem nada para contornar essa crescente violência por parte dos colonos.
"Esta política encoraja os crimes de ódio contra os palestinos e seus lugares de culto, como o assalto de uma mesquita de Burka, em Ramala, e o episódio da última quarta-feira em Jerusalém", expressou o comunicado.
Além de considerar que os ataques tendem a continuar por conta da passividade das autoridades israelenses, o Executivo da ANP destacou que mais de dez mesquitas foram atacadas ou queimadas por extremistas judeus desde 2009.
"Israel não condenou nenhum dos autores destes atos, não desenvolveu investigações sérias e não mostrou interesse em levantar pesquisas apropriadas", assegurou a nota.
Segundo a ANP, esses episódios de violência demonstram todo o desprezo de Israel em relação à lei e à comunidade internacional. "Os ataques também mostram o desprezo pelas vidas, pela religião e pelas propriedades palestinas", completou.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
29 DE NOVEMBRO: Dia Internacional de Solidariedade ao povo palestino.
Palestinos e judeus, ambos são descendentes de Abraão, a quem, segundo a Bíblia, teria sido prometida a terra de Canaã.
A origem do povo palestino remonta a 16 séculos antes da era cristã, quando cananeus, filisteus e outros povos habitavam a região. O território foi inúmeras vezes invadido, mas a população original resistiu, permaneceu na Palestina e deu-lhe o seu nome: "Filistin" (Terra de Gigantes).
Com a violenta ocupação romana, os judeus desertaram da resistência contra os invasores e espalharam-se pelo mundo no ano 135.
Na Europa, os judeus ricos começaram a se organizar em torno do movimento sionista para retornar à Palestina, no final do século XIX. Compraram terras, instalaram colônias, mas não levaram em conta o povo que habitava a região.
Conflitos começaram a aparecer a partir da década de 20 e, após a II Guerra Mundial (1945), o mundo descobriu, horrorizado, o massacre de judeus feito pelos nazistas e apoiou a criação de um Estado que abrigasse os sobreviventes do holocausto e impedisse que a situação tornasse a se repetir.
À proclamação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948 seguiram-se seis guerras.
Com ajuda dos Estados Unidos, Israel contituiu uma enorme e terrível força bélica e, massacrando aldeias inteiras os israelenses foram ocupando gradativamente o território do eventual Estado Palestino, até a totalidade. A maior parte da população palestina foi expulsa.
Exilados, nos países vizinhos, os palestinos organizaram-se para atacar Israel e chamar atenção do mundo para a injustiça histórica cometida contra o povo palestino.
Hoje, todos os acordos feitos em busca da paz encontram-se na estaca zero. A esperança de paz na região depende de o povo palestino ver assegurado o seu direito de existir numa terra que é e sempre foi sua, onde seus direitos sejam respeitados e para onde possam voltar os exilados.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
O fracasso do Brasil na assistência aos refugiados palestinos
Esta sequência do mapa da Palestina mostra a evolução da ocupação israelense do território palestino a partir de 1946. A área verde representa a população palestina e a área branca a população israelense.
Quando em 2003, George Bush ordenou a invasão do Iraque pelas forças militares estadunidense e passou a financiar mercenários xiitas iraquianos para perseguir e assassinar os sunitas, iniciou-se uma caçada aos palestinos que lá viviam, obrigando-os a procurar refúgio nos países vizinhos para não serem dizimados pela fúria assassina dos militares dos Estados Unidos e dos mercenários.
Sr. Teisir (foto), reassentado palestino no Rio Grande do Sul, pai de duas crianças, incapacitado para o trabalho e sem acesso ao benefício do INSS pela evidente deficiência no braço.
Na fuga, o grupo de palestinos, que hoje se encontra no Brasil, tentou entrar na Jordânia através do deserto de Ruweished, mas foram barrados quando já se encontravam 70 Km dentro daquele país, e, com a intervenção da ONU, foram conduzidos ao campo de refugiados de Ruweished onde já viviam milhares de refugiados palestinos.
Salah, 65 anos. Tem curso superior de contabilidade e letras. Fala àrabe e inglês e vive sozinho em Mogi das Cruzes. Precisa de assistência médica e odontológica, mas, o programa de reassentamento brasileiro não prevê a disponibilização de intérprete para acompanhá-lo. Não pode trabalhar no Brasil, devido a idade e o idioma.
Era para ser uma permanência curta naquele acampamento, mas arrastou-se por cinco longos anos, vivendo sob as piores condições imagináveis: tendas de lona, temperaturas altíssimas, acima de 50 graus durante o dia e baixíssimas à noite, enfrentando tempestades de areia e cobras e escorpiões do deserto.
Barracas são a moradia da família Orabi, em Brasilia. Loai (em pé) sofre de uma doença respiratória rara que o obriga a viver ligado a um botijão de oxigênio e não tem a menor assistência humanitária dos órgãos e ONGs responsáveis pelo reassentamento dos palestinos no Brasil. Inicialmente reassentados no Rio Grande do Sul, foram para Brasília na tentativa de conseguir o direito de ser reassentado em outro país que dê o tratamento que o Loai precisa.
Em 2007, quando lhes foi dada a notícia de que a Jordânia havia determinado a desativação do acampamento e que o vários países estavam dispostos a recebê-los, ficaram felizes, pois o pesadelo finalmente parecia estar terminando. Mas, já no decorrer dos procedimentos para definir quantos e quais deles iriam para qual país, começaram a se desfazer as ilusões.
Foto que ilustra a página inicial do blog "acampados do acnur", blog construído por pessoas solidárias ao protesto dos palestinos em Brasília.
http://acampadosnoacnur.blogspot.com/
Os países dispostos a recebê-los informaram a ONU a quantidade que receberiam, sem direito de escolha para os palestinos. Com isso, famílias foram separadas, indo membros de uma mesma família para países distintos. Só os que persistiram muito conseguiram seguir com a família unida para um único país.
Sr. Hamdan, faleceu em 21 de outubro de 2009, em Brasília, onde estava em protesto junto com outros 21 palestinos contra o descaso brasileiro com a precária situação em que foram deixados os refugiados.
Para os que vieram para o Brasil, o pesadelo não acabou e já há quatro anos aqui, a tragédia parece infindável.
Huda Dawaymeh (em pé), grávida de 8 meses, quando protestava em Brasília, juntamente com outros palestinos de Mogi e do Rio Grande do Sul, para serem tratados com dignidade pelo governo brasileiro.
O Brasil, revelou-se um dos piores paises (senão o pior) na recepção a refugiados de qualquer nacionalidade, mas neste artigo pretendo deter-me à recepção feita pelo Brasil em 2007 aos refugiados palestinos do acampamento de refugiados de Ruweished.
Sr. Khaled Sabri. Faleceu em abril de 2010.
Com uma população de 190 milhões de habitantes e apenas pouco mais de quatro mil refugiados de várias nacionalidades, ainda assim esses poucos refugiados recebidos pelo Brasil, uma vez em solo brasileiro são completamente abandonados à própria sorte, humilhados quando procuram ajuda, justamente pelas partes que recebem as verbas da ONU e têm a estrita função de assití-los, sem nenhuma assistência direta por parte do governo, seja federal, estadual ou municipal, sem nenhuma consideração e respeito ao seu traumático passado que os levaram a necessitarem de refúgio em outro país, ou seja, o governo brasileiro parece não entender que, em se tratando de refugiados, principalmente de idioma e cultura tão diferentes da brasileira, não basta aceitar recebê-los, é preciso e necessário acolhê-los com espírito humanitário e garantir-lhes a máxima facilidade, a mínima burocracia para sua perfeita e rápida integração à nova sociedade que as circunstâncias lhes impuseram viver.
Sr. Farouk, mostrando a barraca em que ficou vivendo na frente da sede da ACNUR-Brasil, em protesto contra o descaso. O protesto foi para que os representantes da ACNUR lhes concedesse o direito de serem reassentados com mais dignidade em outro país.
Os palestinos de Ruweished recebidos pelo Brasil eram em quantidade, segundo fontes extra oficiais, 117, trazidos em quatro grupos entre setembro e novembro de 2007, já, as fontes oficiais informam que foram 107, trazidos em três grupos, entre setembro e outubro daquele ano. A estranheza que tange a questão dos refugiados palestinos no Brasil já começa por essa discrepância na verdadeira quantidade que foram trazidos pela ACNUR.
Micro-escuta encontrada por um dos refugiados na fechadura do guarda-roupa doado pela Cáritas Brasileira de Mogi das Cruzes.
Os locais de reassentamento desses palestinos também causam estranheza; ao invés de serem reassentados todos numa única cidade e próximos umas famílias das outras, foram 57 reassentados na cidade de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo e os demais em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. Essa é a informação veiculada quando da vinda deles para o Brasil. E, dentro dessas cidades também foram instalados distantes umas famílias das outras. Esse fato e o fato de terem sido deixados em dificuldade financeira extrema, deixam claro que havia o objetivo de impedir que formassem uma comunidade unida e organizada para lutarem pelos seus direitos.
Nouzha H. M. Allouh (foto), depois de 9 anos separada do filho Hossam, um dos reassentados em Mogi das Cruzes, foi trazida no programa de reunião familiar, vindo a falecer após três meses no Brasil.
O CONARE (Comitê Nacional para Refugiados), órgão do governo federal, subordinado ao Ministério da Justiça, resumiu-se a dar a autorização para que a ACNUR-Brasil (Auto Comissariado das Nações Unidas no Brasil) os trouxesse, eximindo-se assim de qualquer responsabilidade pelo descaso. A ACNUR, que também exime-se de qualquer responsabilidade pelo descaso, escondendo-se atrás de uma certa "imunidade diplomática", resumiu-se à tercerizar as suas funções e responsabilidades às ONGs Cáritas Brasileira e a partir de 2010 ao Centro de Defesa de Direitos Humanos Padre João Bosco Burnier", sediado na cidade de Guarulhos para assistir aos reassentados em Mogi das Cruzes e ASAV - Associação Padre "Antônio Vieira" para cumprir com essa função aos reassentados em Venâncio Aires, ONGs essas que também eximem-se de responsabilidades. Sendo assim, não se trata de uma parceria público/privada para ajudá-los, mas sim, um conluio entre Governo, ACNUR, Cáritas Brasileira, CDDH de Guarulhos e ASAV, para prejudicá-los e dificultar a definição de responsáveis pelo mal tratamento dispensado a esses palestinos.
Sr. Mohammad, faleceu em 05 de março de 2011, aos 70 anos, pelo descaso dos responsáveis pelo reassentamento com sua idade avançada e seus problemas de saúde.
O fato concreto é que entre todos os entes governamentais e não governamentais envolvidos diretamente no processo de reassentamento dos palestinos parece ter havido um conluio para que as famílias permanecessem "invisíveis" ao público brasileiro e estrangeiro, para que as notícias das mazelas que cometem contra eles não cheguem ao conhecimento do grande público e se transforme em verdadeiros escândalos políticos na imprensa.
Sr. Khaled Said Abu Taha, vítima do descaso, faleceu em novembro de 2010, por ter seu laudo médico extraviado pelos responsáveis pelo reassentamento e esse laudo indicava necessidade de cirurgia devido a um nódulo na tireóide que acabou evoluindo para neoplasia malígna e foi a causa da sua morte.
Contra a vontade deles e da Autoridade Palestina, o Brasil ofereceu-se, insistiu e fêz promessas para trazê-los, promessas estas jamais cumpridas em quase a totalidade, de olho na candidatura brasileira a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Não é à toa que todas as notícias veiculadas pela ACNUR-Brasil tratam de supervalorizar o feito de o Brasil ter trazido os palestinos como um ato de benevolência e solidariedade do nosso país, mas, longe do conhecimento público, trata de tentar calá-los à força, cortando (como cortou) a ajuda humanitária dos que ousaram protestar contra o descaso.
Sr. Ghazi Shahin, 65 anos. Era músico de renome no mundo árabe e diretor do cineteatro de Bagdah. É excelente cozinheiro também. Sem poder trabalhar, devido a idade avançada, saúde fragilizada e à dificuldade idiomática, foi punido com a suspensão do seu auxílio subsistência por alguns meses após reclamar da irresponsabilidade dos funcionários da CDDH de Guarulhos que até hoje, desde que assumiu o lugar da Cáritas Brasileira não encaminhou a correção dos dados para regularização do seu RNE e da sua família junto à polícia federal.
O CONARE jamais se manifesta, mesmo quando provocado, a ACNUR se defende alegando "imunidade diplomática" para não arcar com suas responsabilidades e as ONGs responsáveis simplesmente agem como uma extensão da ACNUR na defesa aguerrida do programa de reassentamento e também nos maus tratos aos palestinos que procuram por ajuda. As prefeituras das cidades de reassentamento não só deixam de ajudar como também, os exclui de programas sociais garantidos constitucionalmente a brasileiros e estrangeiros que, por pouco que representem, faz muita falta a eles e a imprensa empresa dessas cidades deixam de publicar matérias que possam evidenciar a verdadeira situação a que os palestinos foram submetidos.
Ibtissam, 68 anos, viúva do Sr. Mohammad Tamimi que faleceu em março de 2011.
O objetivo do conluio dos órgãos oficiais e entidades responsáveis de mantê-los "invisíveis" e de o descaso perdurar e não virar notícia de jornal parece ter sido alcançado plenamente, visto que pouquíssimos brasileiros têm conhecimento da existência desses palestinos entre nós e, desses poucos, a maioria desconhece os problemas que eles passam realmente ou têm uma visão fabricada e deturpada por uma mídia "vendida" de que eles têm melhores condições econômicas e sociais do que nós brasileiros. Alguns brasileiros até chegam a acreditar que eles recebem um tratamento privilegiado e são ingratos por protestar.
Sra. Hachida, faleceu em 2010.
É inadmissível que um país rico como o Brasil, que tem fama mundial de ter um governo democrático e um povo solidário, trate com tanta irresponsabilidade e descaso a questão do refúgio de estrangeiros no nosso país. É preciso que essa verdade cruel seja denunciada ao mundo todo, que a vergonha do Brasil seja exposta para o povo brasileiro e para o mundo todo ver e saber o que realmente se passa.
Pessoas em situação de refúgio precisam ser recebidas com a máxima atenção. A solução de seus problemas têm que ser rápidas e eficazes. Como acontece na Suécia, por exemplo, é preciso que o Brasil tenha funcionários disponibilizados em quantidade suficiente, 24 horas por dia e devidamente treinados para auxiliá-los em todas as suas demandas, em especial nas áreas de assistência social, médica/odontológica, idiomática, educacional, econômica, habitacional e jurídica para lhes garantir inclusão social, acessibilidade, adaptação e integração na nova sociedade em que as trágicas circunstâncias passadas em suas vidas lhes obrigaram a viver.
Que ninguém se engane com o Brasil. Enquanto outros países realmente acolheram refugiados palestinos com dignidade, respeito a todos os seus direitos de pessoas humanas que são e verdadeira motivação humanitária, o Brasil simplesmente os "sequestrou", os confinou em território brasileiro, negando-lhes o direito de procurar refúgio em outro país, trata-os com crueldade, não lhes dá assistência devida e, como se não bastasse, tenta calá-los a qualquer custo quando ousam exigir seus direitos; mas, alardeia aos quatro cantos do planeta o contrário disso para fazer crer aos menos avisados de que eles são os ingratos, numa repugnante tentativa de autopromoção perante os outros países.
Alguém em sã consciência poderia acreditar que uma pessoa em situação de refúgio, de idioma árabe, com a saúde debilitada, teria condições de adaptar-se e integrar-se numa sociedade completamente estranha à sua, de idioma português, péssimo sistema de saúde e custo de vida altíssimo, com um auxilio subsistência miserável de apenas 350 dólares por mês e sem uma casa própria, num programa pré-concebido para encerrar-se em dois anos? Pois é, qualquer um de nós sabe ser impossível, mas o Brasil insistiu em trazê-los mesmo assim.
domingo, 13 de novembro de 2011
Movimentos brasileiros contra o apartheid de Israel
Nestes dias, em várias partes do mundo, têm sido realizadas iniciativas contra o apartheid na Palestina. As atividades integram a Semana Global contra o Muro, que vai até 16 de novembro. Capitaneada pela ONG Stop the Wall, que promove em três locais na Cisjordânia manifestações no período, esta teve início não por acaso no dia 9.
A data marca a queda do muro do Berlim, ocorrida em 1989.
Vale destacar que enquanto aquele tinha três metros de altura e 155 km de extensão, a barreira na Cisjordânia, território ocupado ilegalmente por Israel, chega respectivamente a nove metros e terá, quando concluída, 770 km de comprimento.
A construção foi iniciada em 2002 e, apesar de condenada dois anos depois pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, não foi interrompida. Tal, como lembrou o historiador André Gattaz em artigo de sua autoria intitulado “Ilusões sobre o processo de paz na Palestina”, trata-se na verdade de “um complexo de fortificações composto por muros, cercas, fossos, barreiras, portões de controle, torres de segurança e equipamentos de vigilância eletrônica, orçado em mais de um milhão de dólares o quilômetro”. Ainda conforme o especialista, “embora o governo israelense denomine-o ‘cerca de segurança’, vem sendo conhecido no restante do mundo como ‘muro da vergonha’ ou ainda ‘muro do apartheid’, numa triste recordação dos tempos do apartheid que separava negros e brancos na África do Sul 9(...)”. Não à toa: juntamente com os postos de controle, estradas exclusivas, assentamentos e outros aparatos da ocupação israelense, além de anexar terras, separa famílias e restringe ainda mais o acesso a direitos fundamentais aos palestinos, tais como a ir e vir, à educação, à saúde, ao trabalho.
Contra isso, ativistas em dezoito países encamparam a ideia da Semana Global, nos diversos continentes. No Brasil, um debate intitulado “O muro do apartheid e a resistência palestina”, promovido no dia 8 último pela Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo e Apropuc (Associação dos Professores da PUC), nessa universidade na Capital paulista, integrou a iniciativa.
Destaque ao BDS
Além de contextualização histórica pela jornalista brasileira que reside na Cisjordânia e de relato do líder palestino Abdallah Abu Rahmah sobre a resistência contra o muro na pequena aldeia de Bil´in, a oportunidade serviu para se refletir sobre estratégias para fazer frente ao apartheid de Israel a partir do Brasil.
Aqui, atendendo a chamado da sociedade civil palestina que vem sendo feito desde 2005, a Frente em Defesa do Povo Palestino e a Frente Palestina da USP (Universidade de São Paulo) lançaram no dia 20 de setembro último a campanha brasileira por BDS (boicotes, desinvestimento e sanções).
Esta conta com o aval de várias organizações da sociedade civil brasileira, tais como comitês de solidariedade e sociedades árabes-palestinas em diversos estados brasileiros, Marcha Mundial de Mulheres, Movimento Mulheres em Luta, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), PSOL-SP (Partido Socialismo e Liberdade, mandato do deputado federal Ivan Valente), PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), PCB (Partido Comunista Brasileiro), Revolutas, Mopat (Movimento Palestina para Tod@s), UNI (União Nacional das Entidades Islâmicas), Assisp (Associação Islâmica de São Paulo), Liga da Juventude Islâmica do Brasil e Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre).
Neste ano, o pleito central da campanha global é que nos diversos países se priorize o embargo militar integral a Israel, até que se cumpram as reivindicações fundamentais dos palestinos, a saber: o fim imediato da ocupação militar e colonização de terras árabes, e a derrubada do muro do apartheid, que vem sendo construído na Cisjordânia desde 2002, dividindo terras, famílias e impedindo os palestinos do direito elementar de ir e vir; o reconhecimento dos direitos dos cidadãos palestinos à autodeterminação, à soberania e à igualdade; o respeito, proteção e promoção do direito de retorno dos refugiados palestinos às suas terras e propriedades, das quais vêm sendo expulsos desde 1948, quando foi criado unilateralmente o Estado de Israel, até os dias atuais.
Principal campanha internacional de solidariedade ao povo palestino e contra qualquer forma de discriminação naquelas terras, a campanha do BDS redundou em conquistas importantes em diversas outras partes do mundo, como o rompimento de contratos milionários com empresas que atuam na construção do muro, de assentamentos ilegais ou de outros aparatos que sustentam a segregação na Palestina.
Apesar de esse movimento vir se expandindo em todo o globo, no Brasil algumas ações vão na contramão dessa corrente, como a adesão do País ao TLC (Tratado de Livre Comércio) Mercosul-Israel e negociações comerciais bilaterais com a potência ocupante, incluindo a assinatura de acordos militares e de tecnologia bélica. Amplo estudo promovido pela Stop the Wall denuncia que o TLC inclui a venda em território brasileiro de produtos e serviços feitos em assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia, bem como de tecnologias de defesa e segurança, as quais têm sido usadas nos ataques contra os palestinos.
Ainda na contracorrente, a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, passou a abrigar instalações da empresa israelense Elbit Systems, que atua na área de tecnologia militar e é especialista em construção de veículos não tripulados, os quais foram amplamente usados nos ataques aos palestinos de Gaza em final de 2008 e início de 2009.
Uma das 12 companhias envolvidas na construção do muro do apartheid, a Elbit já assinou contratos no Brasil, como com a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) e as Forças Armadas. Ademais, a Taurus, instalada também em Porto Alegre, passou a montar o rifle israelense Tavor. Além disso, conceituadas universidades têm firmado acordos de cooperação e intercâmbio com instituições israelenses, sobretudo nos últimos anos. Entre elas, a USP, que fechou nos últimos quatro anos 15 convênios do gênero em diversas áreas. Um deles inclusive com universidade situada num dos maiores assentamentos ilegais na Cisjordânia.
A organização Stop the Wall alertou, em relatório, que essas iniciativas garantem que as guerras, ocupação e colonização israelenses continuem a gerar lucros. E enfatizou: “Esses laços militares põem em questão o compromisso do governo brasileiro em apoiar os direitos humanos, a paz e a criação de um Estado palestino e parecem contradizer as atuais alianças brasileiras e interesses na região. É preocupante que o Brasil entregue o dinheiro dos impostos dos seus cidadãos às empresas de armamento israelenses. O Brasil não pode conciliar a cumplicidade com as graves violações da lei internacional por parte de Israel e as aspirações a potência mundial emergente, defensora do respeito à lei internacional e aos direitos humanos.”
Perante esse cenário, a campanha nacional reivindica que o governo brasileiro e suas instituições, bem como empresas públicas e privadas nacionais e/ou instaladas neste País, imponham embargo militar e econômico a Israel, através do rompimento de acordos, contratos e suspensão na aquisição de produtos e serviços, os quais financiam cotidianamente a violação dos direitos humanos do povo palestino e a ocupação de suas terras. Para tanto, a ideia é intensificar as iniciativas em prol do BDS no Brasil.
Além de pressionar o Executivo Federal para que promova sanções e desinvestimentos, outra frente de atuação recomendada, nesse sentido, é por boicotes cultural, acadêmico e a produtos e serviços que financiam a ocupação israelense. No Brasil, a proposta central aos consumidores é que boicotem a Café Três Corações. Principal indústria do produto no mercado mineiro, tal está nas mãos da empresa israelense Strauss-Elite. Com 18 fábricas espalhadas pelo mundo, sendo nove delas em Israel, essa companhia, segundo denunciado na internet, tem apoiado a colonização e opressão do povo palestino. Em seu site em hebraico, constaria o suporte explícito às forças de ocupação israelenses, inclusive com a cessão de equipamentos de lazer aos militares.
Brigadas envolvidas nos ataques à faixa de Gaza em 2008-2009, que resultaram na morte de 1.400 palestinos, incluindo 350 crianças, têm contado com o apoio da Strauss-Levi. Portanto, comprar o Café Três Corações e marcas adquiridas por essa indústria, tais como Fino Grão e Santa Clara, é dar lucro para grupo que investe na matança de palestinos.
Na Europa, o boicote a produtos e empresas da Strauss-Elite já pegou. Aqui, o grupo é o vice-líder do segmento, atrás apenas da estadunidense Sara Lee, que também tem investido pesado nesse mercado. O Brasil, que já foi considerado o país do café, está sendo alvo de Israel e dos Estados Unidos.
Como lembra Gattaz no mesmo artigo, o País, como signatário da Convenção de Genebra, se não por razões humanitárias, em cumprimento à lei internacional não pode se calar diante da opressão e da injustiça. Todavia, enquanto a sociedade civil organizada se manifesta, é o que autoridades, algumas empresas e universidades vêm fazendo, ao negociar com Israel.
Em entrevista ao Le Monde Diplomatique, em maio de 2008, o ativista palestino Mustafá Barghouti destacou que mais terrível do que a situação a que são submetidos os palestinos diariamente é o silêncio internacional. “Chegamos a pensar que o mundo não quer tomar conhecimento de nossa tragédia. Que fechou olhos, boca e orelhas. A desgraça palestina está órfã.”
A Semana Global contra o Muro do Apartheid é mais uma oportunidade para que se exija do governo brasileiro e dessas instituições que façam diferente.
*Formada quando dos ataques israelenses a Gaza em 2008/2009, a Frente em Defesa do Povo Palestino-SP reúne dezenas de organizações da sociedade civil brasileira e integra este movimento em apoio ao povo palestino.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Palestra: A Palestina vista de dentro
O que realmente acontece na Palestina, os brasileiros desconhecem. As grandes empresas da mídia capitalista, colaboracionistas com o Israel, em geral nos mostra Israel como vítima e os palestinos como vilões e essa é a imagem que fica em nossas mentes e falseiam a realidade. Por isso, compareça à palestra de Abdallah Abu Rahmah , uma das mais destacadas lideranças da resistência pacífica palestina, e Bernadette Siqueira Abrão (Baby Abrão), que acontecerá neste sábado em Mogi das Cruzes, em dois locais: às 14 horas, na Mesquita de Mogi das Cruzes (av. Henrique Eroles, 200 - Alto do Ipiranga) e às 18 horas na subsede da APEOESP (rua Barão de Jaceguai, 84 - Centro).
domingo, 6 de novembro de 2011
Palestina para os palestinos
Mas, como pode Israel alegar legítima defesa, se quem teve a terra invadida foi a Palestina?
Os palestinos sim, têm legitimidade e justiça para alegar legítima defesa e expulsar os que assassinam palestinos para se adonar de suas terras. Os palestinos, sim, merecem a solidariedade de todas as pessoas de bem, de qualquer parte do mundo.
O território onde hoje denominam de Israel é e sempre será a Palestina e os invasores são os sionistas e seus seguidores que criaram o fictício estado de Israel.
Por isso, não importa quanto tempo ainda demore, mas, com a determinação e resistência do povo palestino e a rede de solidariedade espalhada em todos os países, a Palestina voltara a ser dos palestinos, sem discriminação contra os judeus que lá queiram morar, como sempre foi, antes de 1948.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
CONFORME SUA PALAVRA EMPENHADA, KHADAFI MORREU COMBATENDO, DEFENDENDO O POVO LÍBIO DA INSANIDADE IMPERIALISTA
Miguel Urbano Rodrigues
A foto divulgada pelos contra-revolucionários do CNT elimina dúvidas: Muamar Khadafi morreu.
Notícias contraditórias sobre as circunstâncias da sua morte correm o mundo, semeando confusão. Mas das próprias declarações daqueles que exibem o cadáver do líder líbio transparece uma evidência: Khadafi foi assassinado.
No momento em que escrevo, a Resistência líbia ainda não tornou pública uma nota sobre o combate final de Khadafi. Mas desde já se pode afirmar que caiu lutando.
A midia a serviço do imperialismo principiou imediatamente a transformar o acontecimento numa vitória da democracia, e os governantes dos EUA e da União Europeia e a intelectualidade neoliberal festejam o crime, derramando insultos sobre o último chefe de Estado legitimo da Líbia.
Essa atitude não surpreende, mas o seu efeito é oposto ao pretendido: o imperialismo exibe para a humanidade o seu rosto medonho.
A agressão ao povo da Líbia, concebida e montada com muita antecedência, levada adiante com a cumplicidade do Conselho de Segurança da ONU e executada militarmente pelos EUA, a França e a Grã Bretanha deixará na História a memória de uma das mais abjectas guerras neocoloniais do início do século XXI.
Quando a OTAN começou a bombardear as cidades e aldeias da Líbia, violando a Resolução aprovada sobre a chamada Zona de Exclusão aérea, Obama, Sarkozy e Cameron afirmaram que a guerra, mascarada de «intervenção humanitária», terminaria dentro de poucos dias. Mas a destruição do país e a matança de civis durou mais de sete meses.
Os senhores do capital foram desmentidos pela Resistência do povo da Líbia. Os «rebeldes», de Benghazi, treinados e armados por oficiais europeus e pela CIA, pela Mossad e pelos serviços secretos britânicos e franceses fugiam em debandada, como coelhos, sempre que enfrentavam aqueles que defendiam a Líbia da agressão estrangeira.
Foram os devastadores bombardeamentos da OTAN que lhes permitiram entrar nas cidades que haviam sido incapazes de tomar. Mas, ocupada Tripoli, foram durante semanas derrotados em Bani Walid e Sirte, baluartes da Resistência.
Nesta hora em que o imperialismo discute já, com gula, a partilha do petróleo e do gás libios, é para Muamar Khadafi e não para os responsáveis pela sua morte que se dirige em todo o mundo o respeito de milhões de homens e mulheres que acreditam nos valores e princípios invocados, mas violados, pelos seus assassinos.
Khadafi afirmou desde o primeiro dia da agressão que resistiria e lutaria com o seu povo ate à morte.
Honrou a palavra empenhada. Caiu combatendo.
Que imagem dele ficará na História? Uma resposta breve à pergunta é hoje desaconselhável, precisamente porque Muamar Khadafi foi como homem e estadista uma personalidade complexa, cuja vida reflectiu as suas contradições.
Três Khadafis diferentes, quase incompatíveis, são identificáveis nos 42 nos em que dirigiu com mão de ferro a Líbia.
O jovem oficial que em 1969 derrubou a corrupta monarquia Senussita, inventada pelos ingleses, agiu durante anos como um revolucionário. Transformou uma sociedade tribal paupérrima, onde o analfabetismo superava os 90% e os recursos naturais estavam nas mãos de transnacionais americanas e britânicas, num dos países mais ricos do mundo muçulmano. Mas das monarquias do Golfo se diferenciou por uma politica progressista. Nacionalizou os hidrocarbonetos, erradicou praticamente o analfabetismo, construiu universidades e hospitais; proporcionou habitação condigna aos trabalhadores e camponeses e recuperou para uma agricultura moderna milhões de hectares do deserto graças à captação de águas subterrâneas.
Essas conquistas valeram-lhe uma grande popularidade e a adesão da maioria dos líbios. Mas não foram acompanhadas de medidas que abrissem a porta à participação popular. O regime tornou-se, pelo contrário, cada vez mais autocrático. Exercendo um poder absoluto, o líder distanciou-se progressivamente nos últimos anos da política de independência que levara os EUA a incluir a Líbia na lista negra dos estados a abater porque não se submetiam. Bombardeada Tripoli numa agressão imperial, o país foi atingido por duras sanções e qualificado de «estado terrorista».
Numa estranha metamorfose surgiu então um segundo Khadafi. Negociou o levantamento das sanções, privatizou empresas, abriu sectores da economia ao imperialismo. Passou então a ser recebido como um amigo nas capitais europeias. Berlusconi, Blair, Sarkozy, Obama ,Sócrates receberam-no com abraços hipócritas e muitos assinaram acordos milionarios , enquanto ele multiplicava as excentricidades, acampando na sua tenda em capitais europeias.
Na última metamorfose emergiu com a agressão imperial o Khadafi que recuperou a dignidade.
Li algures que ele admirava Salvador Allende e desprezava os dirigentes que nas horas decisivas capitulam e fogem para o exílio.
Qualquer paralelo entre ele e Allende seria descabido. Mas tal como o presidente da Unidade Popular chilena, Khadafi, coerente com o compromisso assumido, morreu combatendo. Com coragem e dignidade.
Independentemente do julgamento futuro da História, Muamar Khadafi será pelo tempo afora recordado como um herói pelos líbios que amam a independência e liberdade. E também por muitos milhões de muçulmanos.
A Resistência, aliás, prossegue, estimulada pelo seu exemplo.