Não patrocine massacres. Boicote produtos israelenses.

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sábado, 9 de janeiro de 2010

O refugiado palestino no Brasil, Hamdan, falecido no dia 19 de outubro de 2009, fez o seguinte relato um ano antes da sua morte, que ficará para a posteridade, como um exemplo de dignidade a ser seguido pelos que ficaram


Eu, Hamdan, 65 anos de idade, nascido ainda na Palestina livre, já vi muita coisa que pessoas comuns e autoridades duvidariam. Essas coisas compõem o pano de fundo que me ajuda a sobreviver. Principalmente no que diz respeito à intuição e ao sentimento que me guiam na escolha de como me proteger e de como devo seguir em frente. O peso da idade me troxe muito conhecimento, assim como me trouxe o cansaço. Estou cansado, com cabelos e barba brancos, me faltam alguns dentes e não ouço muito bem. Minha mente está lúcida, porém precisando de descanso. Mesmo com essa necessidade não posso me eximir quando a situação pede que eu ajude um irmão. É o que neste momento acontece.


Desde que cheguei ao Brasil estou sendo tratado como invalido ou como louco. Em Mogi das Cruzes, São Paulo, o a agência internacional para refugiado e sua parceira no Brasil, a Caritas Brasileira, já me colocaram em um asilo que mais parecia uma prisão. Sou uma pessoa inquieta. Tenho que a toda hora caminhar, beber meu chá preto, fazer minhas orações em voz alta e conversar com meus amigos. Ser jogado em uma instituição, isolado, sem poder me movimentar e em um país que nada conheço é um ato extremo de desumanidade. A Cáritas Brasileira se recusou a me alojar em um apartamento individual. Que eu não canso em dizer que são atos criminosos!

O mais recente crime que estão cometento contra mim agora alcança pessoas que estão me ajudando. Só porquê elas não fazem parte do grupo de criminosos que vêm me taxando de louco e inválido. Só porquê as pessoas que me ajudam não questionam as razões de minhas necessidades. Só porquê as pessoas que me ajudam não me deixam em segundo plano, esperando que minhas necessidades médicas se curem por si só. Não falarei o nome delas aqui, pois acho prudente, pois estão as acusando de quererem se auto-promover.

Criminosos! Ninguém diz o que tenho que fazer ou deixar de fazer. Sei o que quero e sou incisivo! Se não gostam do que digo às claras, ou se não gostam de ver que não me curvo perante vocês é porquê vocês estão jogando com a minha vida e com a vida de meus amigos. É porquê para vocês o trabalho humanitário é mais um jogo perverso de guerra. Se como refugiado tenho direitos, me digam quais são. Se não os tenho também me digam que não tenho. Sejam sinceros ao menos uma vez e digam se são ou não são responsáveis pela minha situação como refugiado. Se não, posso continuar a seguir meu caminho sozinho buscando um outro país que me acolha, já que não posso voltar à minha Palestina livre.



Brasília, setembro, 2008

Ver em http://antisegregacaoasilar.blogspot.com/2009/09/relato-do-sr-hamdan.html

domingo, 27 de dezembro de 2009

A poesia palestina de resistência: O cantar dos que não se rendem

Apesar da forte repressão à arte popular — “A democracia israelense não suporta que os palestinos cantem”, disse uma vez o poeta Tawfic Zayyad — a poesia daquele povo árabe não é “marginal”. Como disse o peruano Julio Carmona, “marginal é a poesia que a estética dominante pontifica ou institucionaliza; ao se tomar o povo como pedra de toque (e sempre o povo tem a última palavra em tudo) a única poesia que não se marginaliza é aquela que não se afasta de sua fonte, aquela que vinda do povo, a ele retorna.”

O poema é, de longe, o mais popular gênero da literatura palestina. Isto pode ser em parte atribuído à forte tradição oral da sua cultura. Houve, desde o início, uma vontade de simplicidade na poesia de resistência. Os artifícios de linguagem em favor da estética foram postos de lado. O poeta Mahmud Darwish expressou claramente isso num de seus primeiros versos:

Se os mais humildes não nos compreendem
será melhor jogar fora os poemas
e ficarmos calados.
O poeta diz:
se meus versos são bons para meus amigos
e enfurecem os meus inimigos
então é que sou mesmo poeta
e devo continuar cantando.

Fontes: Poesia Palestina da Resistência , edição OLP/Brasil, 1986 e Beleza Cruel (prólogo de Julio Carmona), edição Lira Popular, Peru, 1982.

Não iremos embora
Tawfic Zayyad*

Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as idéias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue
Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro
*Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão.
Discurso no mercado do desempregoSamih Al-Qassim*

Talvez perca — se desejares — minha subsistência
Talvez venda minhas roupas e meu colchão
Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor
Talvez procure grãos no esterco
Talvez fique nu e faminto
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez me despojes da última polegada da minha terra
Talvez aprisiones minha juventude
Talvez me roubes a herança de meus antepassados
Móveis... utensílios e jarras
Talvez queimes meus poemas e meus livros
Talvez atires meu corpo aos cães
Talvez levantes espantos de terror sobre nossa aldeia
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez apagues todas as luzes de minha noite
Talvez me prives da ternura de minha mãe
Talvez falsifiques minha história
Talvez ponhas máscaras para enganar meus amigos
Talvez levantes muralhas e muralhas ao meu redor
Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Ó inimigo do sol
O porto transborda de beleza... e de signos
Botes e alegrias
Clamores e manifestações
Os cantos patrióticos arrebentam as gargantas
E no horizonte... há velas
Que desafiam o vento... a tempestade e franqueiam os obstáculos
É o regresso de Ulisses
Do mar das privações
O regresso do sol... de meu povo exilado
E para seus olhos
Ó inimigo do sol
Juro que não me venderei
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Resistirei
Resistirei

*Samih Al-Qassim nasceu em Zarqá, no seio de uma família drusa. Formado professor, depois da publicação de seus primeiros poemas foi proibido pelos israelenses de exercer a profissão.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Anistia acusa Israel de negar acesso à água potável aos palestinos

Como se fosse novidade.

Matéria pública pela BBC Brasil em 28/10

"A organização de direitos humanos Anistia Internacional (AI) acusou o governo de Israel de negar aos palestinos o acesso livre à água potável, ao manter um controle total sobre os recursos hídricos compartilhados e seguir políticas discriminatórias".

Em um relatório divulgado nesta quarta-feira, a AI afirma que Israel restringe sem razão a disponibilidade de água nos territórios ocupados da Cisjordânia. No caso da Faixa de Gaza, o bloqueio israelense teria levado o sistema de fornecimento de água e esgoto a um “ponto crítico”.
No documento, de 112 páginas, a Anistia sugere que Israel utiliza mais de 80% da água procedente do Aquífero da Montanha, um aquífero subterrâneo partilhado com os palestinos, que, por sua vez, só têm acesso a 20% do total.
Segundo a organização, por essa razão, o consumo médio de água entre os palestinos é de 70 litros por dia, comparados com 300 litros entre os israelenses. A organização ressalta que há casos em que palestinos consomem apenas 20 litros de água por dia – a quantidade mínima recomendada em casos de emergências humanitárias.
Além disso, o documento sugere ainda que cerca de 180 mil palestinos que vivem em áreas rurais não têm acesso à água corrente e o Exército israelense proibiria com frequência a coleta de água da chuva. Em contraste, o relatório destaca que os israelenses que vivem na Cisjordânia possuem grandes fazendas de irrigação, jardins luxuosos e grandes piscinas.
"Israel só permite aos palestinos o acesso a uma parte dos recursos hídricos compartilhados, que se encontra em sua maioria na Cisjordânia ocupada, enquanto os assentamentos israelenses ilegais recebem praticamente provisão ilimitada", explica Donatela Rovera, investigadora sobre Israel da AI.

Governo
Segundo a organização, o governo de Israel proíbe que palestinos perfurem poços e ainda foi responsável pela destruição de cisternas e pelo fechamento de tanques de água.
“A água é uma necessidade básica e um direito, mas para muitos palestinos, obter quantidades baixas e de pouca qualidade apenas para a sobrevivência se tornou um luxo que eles mal conseguem pagar”, disse Rovera.
"Israel precisa encerrar essas políticas discriminatórias e imediatamente levantar as restrições que impõe ao acesso à agua entre os palestinos", afirmou a investigadora.
O governo de Israel nega as acusações feitas pela organização e afirmou que o relatório está incorreto.
De acordo com o porta-voz Mark Regev, os palestinos têm mais acesso à água do que o previsto no acordo de Oslo, da década de 90.
Regev acusa ainda os palestinos de não administrarem os recursos hídricos de maneira adequada e rejeitou que o governo tenha proibido a perfuração de poços.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mais um palestino morre por descaso no Brasil




Morre o segundo palestino da leva de refugiados que chegou ao Brasil em 2007

Do UOL Notícias
Em São Paulo

O refugiado palestino Handam Mahmoud Abu Sitta, 65, morreu nesta segunda-feira após passar dias internado no Hospital da Universidade de Brasília, onde deu entrada com uma crise respiratória

Ele fazia parte do grupo de 115 palestinos que estavam em campos na Jordânia, Iraque e Líbano e receberam asilo no Brasil em 2007. Inicialmente enviado para Mogi das Cruzes, município da Grande São Paulo que recebeu 56 desses refugiados, Abu Sitta era um dos integrantes da comissão que protestou e acampou em Brasília exigindo melhor tratamento para os refugiados por parte do Itamaraty e da ONU.
Esta é a segunda morte dentro do grupo que recebeu abrigo no Brasil. Em agosto último, Nusha El Loh morreu de pneumonia em Mogi.
Os palestinos e grupos que auxiliam refugiados apontam descaso por parte do governo federal, das Nações Unidas e inclusive da Cáritas, organização católica responsável que recebeu a missão de amparar os refugiados. As autoridades, por seu lado, negam falta de assistência.
Atualmente, os palestinos negociam com a Prefeitura de Mogi das Cruzes para que o município auxilie mais ativamente na adaptação do grupo ao cotidiano da cidade.
Muitos palestinos apresentam problemas de saúde pelas condições em que viveram nos campos durante os recentes conflitos no Oriente Médio.
do UOL Notícias


Abbas ignora informe Goldstone sobre Crimes de Guerra



ABBAS AJUDA ISRAEL A ENTERRAR SEUS CRIMES DE GUERRA.
Ali Abuminah. The Electronic Intifada/Rebelión 04/10/2009.


Quando parecia que a Autoridade palestina em Ramallah e seu líder Mahmoud Abbas não podiam ser ainda mais baixos em sua cumplicidade com a ocupação israelense da Cisjordânia e com o criminoso bloqueio à Faixa de Gaza, Ramallah assentou outro duro golpe contra o povo palestino.
A delegação de Abbas diante das Nações Unidas em Genebra (que representa oficialmente a moribunda Organização para a Libertação da Palestina) retirou seu apoio a uma Resolução que pedia ao Conselho de Direitos Humanos de remeter o informe do magistrado Richard Goldstone sobre os crimes de guerra em Gaza ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que este tomasse ações concretas. Ainda que a Autoridade Palestina tenha agido sob pressão dos EUA, há fortes indícios de que os interesses comerciais dos palestinos e dos empresários do Golfo, estreitamente vinculados a Abbas, jogaram também um papel importante.
O informe Goldstone, de 575 páginas, usa documentos impactantes para evidenciar os crimes de guerra e os crimes de lesa humanidade cometidos por Israel durante o ataque do inverno passado na Faixa de gaza, matando 1.400 palestinos, a grande maioria não-combatentes, sendo centenas deles crianças. O informe acusa também o movimento palestino de resistência, Hamás, de crimes de guerra por disparar foguetes contra Israel que mataram três civis.
O informe Goldstone foi elogiado como um marco por palestinos e defensores da justiça no mundo inteiro e pede que os suspeitos sejam levados perante os tribunais internacionais a fim de serem julgados em suas responsabilidades, caso Israel se recuse a processá-los. Em toda a sua história, Israel nunca cobrou responsabilidades de sues líderes políticos e militares por estes cometerem crimes de guerra contra os palestinos.
Completamente aterrorizado pelo informe, Israel tem mobilizado todos os seus recursos diplomáticos e políticos para desacreditá-lo. Nos últimos dias, o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu afirmou que se o informe for aprovado seria “um duro golpe à guerra contra o terrorismo”, e “um golpe fatal ao processo de paz, porque Israel não vai poder tomar medidas adicionais e assumir riscos para a paz quando se nega o seu direito de autodefesa”.
Como era de se esperar, a administração Obama é um dos aliados na campanha pela impunidade israelense, pois sua embaixadora, Susan Rice, disse ter “graves preocupações” a respeito do informe e chamou as indicações de Goldstone de “desequilibradas, parciais e fundamentalmente inaceitáveis”. (Rice estava sendo fiel à palavra dada em abril, quando disse à revista ‘Político’ que uma das principais razões da administração Obama para unir-se ao Conselho de Direitos Humanos era de lutar contra o que chamou de “lixo anti-Israel”).
Goldstone, cuja filha considera o pai como um sionista que ama Israel, é um ex-juiz da Suprema Corte da África do Sul e um jurista internacional muito respeitado. Foi ele o fiscal chefe perante os tribunais de crimes de guerra das Nações Unidas para Ruanda e a ex Iugoslávia.
Não há dúvidas de que o informe Goldstone foi um duro golpe à habilidade de Israel de cometer crimes de guerra e permanecer impune; essa semana, impulsionados pelo informe, advogados do Reino Unido pediram a um tribunal a emissão de uma ordem de detenção pela visita do ministro da defesa israelense Ehud Barak. Esta ação não teve êxito, mas, nos últimos meses, o governo de Israel tomou medidas extraordinárias para tratar de proteger seus membros da justiça, por temer que o início de suas detenções em países estrangeiros fosse só uma questão de tempo. Junto à crescente campanha internacional de boicote, retirada dos investimentos e sanções, o medo de acabar no tribunal de Haia parece ser a única coisa a fazer com que o governo e a sociedade israelense reconsiderem seu caminho de destruição.
Neste contexto, seria de esperar que os que são descritos como representantes do povo palestino não deixariam de aproveitar desta arma; contudo, de acordo com o embaixador de Abbas, Ibrahim Khraishi, a Autoridade Palestina de Ramallah retirou seus esforços diante dos pedidos estadunidenses porque “Não queremos criar um obstáculo para eles”.
A desculpa de Khraishi de que a votação da resolução vai ser só adiada até a primavera [final de março] não é aceitável. A não ser que se tomem medidas agora, o informe Goldstone será enterrado, e até então, as provas dos crimes de guerra de Israel – necessárias para as ações judiciais – podem ser mais difíceis de recolher.
Isso ocorre a menos de duas semanas desde que Abbas apareceu na cúpula de Nova Iorque com o presidente dos EUA Barack Obama e Netanyahu, e na qual Obama retirou o pedido a Israel de deter a construção de assentamentos judaicos nos territórios palestinos ocupados. Também sob pressão dos EUA, a Autoridade Palestina retirou seu compromisso de não retomar as negociações a menos que a construção dos assentamentos fosse detida, e aceitou tomar parte destas “conversações de paz” com Israel mediadas pelos Estados Unidos. Por sua vez, Israel anunciou planos para construir na Cisjordânia o maior assentamento desde 1967.
O que torna isso ainda mais irritante é a possibilidade real de que a Autoridade palestina esteja ajudando Israel a lavar as mãos do sangue inocente derramado em Gaza em troca de ganhos financeiros de empresários fortemente vinculados a Abbas.
No dia 1º de outubro, o jornal The Independent (do Reino Unido) informou: “Shalom Kital, assessor do Ministro da Defesa Ehud Barak, disse hoje que Israel não liberará uma freqüência de rádio solicitada há tempo pela Autoridade Palestina para permitir o lançamento de uma segunda empresa de telefonia móvel, a não ser que a AP deixe de pressionar para que soldados e oficiais israelenses acabem no banco dos réus pela operação israelense”. (Em “Os palestinos chamam de ‘chantagem’ a ameaça israelense sobre o serviço de telefonia”, The Independent, 1º de outubro).
Kidal acrescentou que era uma “condição” que a Autoridade palestina retirasse seu apoio ao avanço do informe Goldstone. Em abril deste ano, a companhia telefônica Wataniya foi descrita pela Reuters como uma “companhia respaldada por Abbas”, uma empresa de capital conjunto do Qatar, de investidores do Kuwait e do Fundo de Investimento Palestino do qual é membros um dos filhos de Abbas. Por outro lado, a Reuters revelou que, ao que parece, a nova empresa tinha pouco capital porque os investidores do Golfo recebem milhões de dólares de “ajuda dos EUA em forma de garantias de empréstimos destinados aos agricultores palestinos e de outras pequenas e médias empresas” (Ver “Ajuda dos EUA vai à empresa telefônica palestina respaldada por Abbas”. Reuters, 24 de abril de 2009).
Apenas um dia antes de a delegação de Abbas retirar sua resolução em Genebra, Nabil Shaath, “Ministro das Relações Exteriores da AP”, chamou de “chantagem” a ameaça israelense em relação à Wataniya e prometeu que os palestinos nunca iriam aceitá-la.
A traição da Autoridade palestina em relação ao povo palestino sobre o informe Goldstone, bem como a continuidade de sua “coordenação de segurança” com Israel para suprimir a resistência e a atividade política na Cisjordânia, deve acabar com toda dúvida de que se trata de um braço ativo da ocupação israelense, que produz um dano tangível e crescente ao povo palestino e à sua justa causa.


MAIS UMA TRAIÇÃO DA AUTORIDADE PALESTINA
Khalid Amayreh. Palestine Think Tank/Rebelión 08/10/2009.


A decisão da Autoridade Palestina (AP) de adiar até março o voto sobre o “informe Goldstone”, no Conselho para os Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU) em Genebra, constitui uma imensa traição ao povo palestino.
Da mesma forma, essa infeliz e estúpida façanha favorece amplamente o objetivo de Israel de encobrir os crimes de cunho nazista que seu exército de ocupação perpetrou durante sua criminosa guerra contra a Faixa de Gaza nove meses atrás.
Se o CDHNU tivesse referendado o informe, talvez tivesse aplanado o caminho para levar a julgamento os criminosos de guerra israelenses perante a Corte Penal Internacional (CPI) em Haia.
A AP ofereceu uma pletora de pretextos mendazes para justificar o ato escandaloso que muitos palestinos, tanto pessoas comuns como intelectuais, têm descrito como uma exibição de traição nacional.
Sem dúvida, os palestinos tinham do seu lado a maioria de 33-35 estados membros dos 47 que integram o Conselho, o que significa que o CDHNU poderia ter apoiado facilmente o informe da Comissão Goldstone podendo-o levar à Corte Penal Internacional.
Portanto, a única interpretação realista da decisão da AP de adiar a votação do informe é que o regime de Ramallah só queria aplacar Israel e a administração Obama, apesar dos efeitos desastrosos e das conseqüências que seu gesto teria para a causa palestina, e, sobretudo, pelas abandonadas vítimas dos crimes de guerra israelenses na Faixa de Gaza.
Bom, se Israel pode se sair bem após assassinar 1.300 palestinos e destruir completamente metade de Gaza, o próximo holocausto, provavelmente, vai assumir proporções européias. Afinal, o mundo não pode ser mais palestino do que os próprios palestinos.
Há informes pelos quais, antes de tomar esta decisão, o Presidente Obama interveio pessoalmente e por baixo do pano para pedir aos líderes da AP que deixassem de pressionar a favor do endosso do informe porque, para ele, isso implicaria em minar os “esforços diplomáticos”.
Da mesma forma, outro informe indicava que a AP havia feito um acordo com Israel pelo qual o regime da apartheid sionista havia acordado conceder uma licença para uma empresa que pertence em parte a uma série de ricos homens de negócios vinculados à AP em troca do adiamento da discussão do informe Goldstone no CDHNU.
Citou-se o embaixador da AP nas Nações Unidas em Genebra, Ibrahim Khreishi, dizendo que a liderança palestina estava interessada num “texto pactuado”. “Vai nos ajudar a explicar aos israelenses que a comunidade internacional está com os palestinos para que consigam suas esperanças e sonhos”.
Que estupidez! Após mais de 42 anos de criminosa ocupação militar, ainda temos que explicar o nosso sofrimento aos israelenses?
O senhor Khreishi realmente acha que uma “explicação convincente” é tudo o que os israelenses precisam para desistir de seus crimes nazistas contra o nosso povo?
O embaixador da OLP acredita que um “texto pactuado” conseguirá fazer com que os desprezíveis criminosos de guerra de Tel Aviv reconsiderem sua atitude criminosa diante dos palestinos?
E, seja como for, o que significa um “texto pactuado”? Acaso isso se deve ao fato de Israel não ter cometido conscientemente seus crimes de guerra e contra a humanidade, de forma intencional e deliberada, contra um povo inocente na Faixa de Gaza?
É porque Israel não derramou uma orgia de mortes ao utilizar toda a letal tecnologia de ponta estadunidense sobre bairros indefesos de civis, assassinando e mutilando milhares de homens, mulheres e crianças inocentes?
Acaso Israel não inundou com fósforo branco grande áreas de Gaza, incinerando toda a vida inocente neste território costeiro?
Será que não foi deliberada e conscientemente que Israel cuspiu uma infinidade de bombas de longas distâncias contra casas, mesquitas, faculdades, hospitais e escolas de toda Gaza?
Então, como é que qualquer ser humano com um pingo de honestidade e moralidade pode estar tratando fazer com que esses crimes pareçam menos vis e menos satânicos buscando um acordo para adotar um “texto pactuado”?
Entre todos os povos do mundo, nós palestinos devemos chamar o pão de pão e o vinho de vinho e não colocar um cheque em branco nas mãos daqueles que nos arrasam, atormentam e assassinam nossas crianças.
O exército, a marinha e a força aérea judeu-nazista têm assassinado em massa o nosso povo em Gaza e Cisjordânia. Cometeram seus crimes horrendos à luz do dia e sob o olhar de todos. Não houve atenuantes nem relatos contraditórios quanto ao que realmente ocorreu. Os supostos “Foguetes Qassam” não passaram de uma falácia e não deveriam aparecer na mesma frase junto à atroz máquina de morte israelense, pois, em ambos os casos, jamais se pode comparar a enormidade e os limites.
E, sobretudo, a pessoa que preparou o informe, Richard Goldstone, é judeu, e, atualmente, é um judeu sionista que nunca aumentaria nem exageraria esses crimes de guerra contra um povo prática e totalmente indefeso cuja própria sobrevivência física têm dependido sempre, e continua dependendo, da boa vontade da comunidade internacional.
Portanto, o povo palestino, as vítimas que há mais tempo vêm sofrendo um racismo genocida, e todo o mundo livre em volta de nós gostariam de saber o que é que faz com que os líderes palestinos em Ramallah e seu desorientado embaixador em Genebra se arrastem de forma tão submissa diante das pressões sionistas.
Será que vocês não têm um pingo de honra e de dignidade nacional? Afinal estamos falando de autênticos crimes e de centenas de crianças assassinadas sem piedade pelo exército desses matutos porta-vozes do sionismo que agora estão fanfarronando de forma vergonhosa de ter conseguido fazer com que o embaixador da AP colabore com eles na propaganda de Israel.
Contudo, provavelmente, é injusto jogar toda a culpa em Khreishi, um mero funcionário que tinha de atender as estúpidas instruções de Ramallah.
Sendo assim, Khreishi deveria ter se demitido no lugar de prestar-se a integrar este ignominioso ato de traição nacional. Mas, desde já, o vilão responsável é o ‘judenrat’ (*) palestino em Ramallah, acostumado a sacrificar os interesses nacionais palestinos para aplacar Israel e contentar a administração Obama, confiando assim na possibilidade de conseguir algum tipo de “recompensa”.
Contudo, é interessante que a única “recompensa” que a AP recebeu, e da qual somos testemunhas há muito tempo, é a de novas expansões dos assentamentos judaicos pela Cisjordânia, mais provocações judaicas na mesquita de Al-Aqsa e mais violência e terror judaicos contra cidadãos palestinos indefesos tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza.
E, quanto à administração Obama, também tem “premiado” a AP por sua perfídia e traição do seu próprio povo afastando o olhar da expansão dos assentamentos israelenses e insistindo em que a AP deve retomar as negociações com o arrogante governo de Benjamin Netanyahu sem nenhuma pré-condição.
Bom, quem não respeita a si mesmo não merece respeito dos demais. Além disso, uma autoridade que martiriza, tortura e mata seus próprios cidadãos para agradar ao ocupante israelense e obter dele um atestado de boa conduta está totalmente desqualificada para representar de verdade o povo palestino.
Por último, pode-se assumir com toda probabilidade que a AP tem tanto medo quanto Israel de uma discussão rigorosa do informe Goldstone.
De acordo com determinadas fontes, a AP tem instado sistematicamente Israel para que levasse até o fim sua criminosa guerra contra Gaza para esmagar Hamás.
Então, é muito provável que a AP esteja se encontrando numa situação bastante embaraçosa, que explicaria porque quer que, durante muito tempo, não se leve ao fim uma discussão pública sobre o informe Goldstone, porque isso revelaria segredos cabeludos e embaraçosos sobre a conivência da AP com Israel no massacre nazista perpetrado contra a Faixa de Gaza.

(*) Judenrat, é o termo que, em alemão, designava os conselhos judaicos de governo dos guetos que os nazistas criaram em vários lugares e, sobretudo, na região da Polônia ocupada, mas não anexada pela Alemanha.


PEDEM QUE O PRESIDENTE ABBAS RENUNCIE.
Palestinian Information Post, 16/10/2009.


Apesar de a Autoridade Nacional Palestina (ANP) tentar, desesperadamente, conter a avalanche política causada pela retirada do seu apoio ao ‘Informe Goldstone’ da ONU, no dia 02 de outubro, sobre crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza, ontem, dia 15/10, se viu obrigada a aceitar de começar o debate na Comissão de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Com grandes manifestações de Ramallah a Gaza, a sociedade civil palestina condenou unanimemente a ANP, seu presidente Mahmoud Abbas, o chanceler Riad Malki e o embaixador Ibrahim Khreishi, pedindo suas renúncias e o julgamento pelo colaboracionismo com Israel. Além disso, acusaram Abbas de ter colaborado com a invasão israelense em Gaza e de colaborar com Sharon para envenenar o presidente Yasser Arafat.
O Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU, Richard Falk, disse que: “a Autoridade Palestina em Ramallah traiu o seu próprio povo no momento em que a comunidade internacional estava preste a aprovar o ‘Informe Goldstone’ acusando Israel de crimes de guerra em Gaza. Era oportuno reivindicar a luta palestina”. E lamentou que o fato de “seu representante na ONU ter minado este informe é uma revelação assombrosa” (Al-Jazeera 08/10/2009).

sábado, 19 de setembro de 2009

O fim do auxilio subsistência da ONU aos refugiados palestinos exige intervenção de pessoas comprometidas com os direitos humanos e solução urgente

Expulsos da Palestina por israelenses, impedidos de refugiar-se nos países árabes vizinhos até que conseguiram refúgio no Iraque, expulsos do Iraque após a queda de Sadan Hussein e ascenção dos xiitas ao poder, impedidos de refugiarem-se na jordânia, barrados na fronteira entre os dois países, na região desértica de Ruweiched, onde formaram o Campo de Refugiados onde permaneceram por cinco longos anos, expulsos do Campo de Ruweished devido ao aviso sobre seu fechamento e agora, refugiados no Brasil, neste, que esperavam ser finalmente o lugar onde reconstruiriam suas vidas.

Esse é um ultraresumido relato da saga de 117 refugiados palestinos que no final de 2007 foram trazidos para o Brasil no chamado Programa de Reassentamento Solidário, num convênio "ultrasecreto" e de regras duvidosas e mais do que suspeitas entre o governo brasileiro (através do CONARE), a ACNUR-Brasil, a Cáritas Brasileira e a Associação Antonio Vieira (ASAV).

Mas, infelizmente, a transferência desses refugiados para o Brasil não significou o fim do drama, conforme lhes foi prometido, ainda em Ruweished; foi sim a continuação da "nakba" (catástrofe) dessas vidas humanas, longe de acabar se as autoridades brasileiras continuarem a não dar a devida atenção.

O CONARE, a ACNUR-Brasil, a Cáritas e a ASAV provaram total incompetência para atender os refugiados.

Os dois anos de duração do Programa de Reassentamento Solidário, foram dois anos de descaso, maus tratos e misteriosa e cúmplice relação entre essas instituições e entidades que impossibilitaram a adaptação dos palestinos no Brasil e, consequentemente impossibilitaram que pudessem sequer começar a reconstruir suas vidas.

É urgente que outras instâncias do governo brasileiro, independentes do CONARE, da ACNUR-Brasil, da Cáritas e da ASAV, intervenham no caso e apurem com profundidade o por que de tanta negligência. Todas têm responsabilidade no precário atendimento aos refugiados palestinos no Brasil, mas nenhuma assume, nem dá solução. São cúmplices na situação de risco social em que jogaram os refugiados e são recíprocas na defesa umas das outras.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Palestinos: o Dia da Terra

Maurício Tragtenberg: um intelectual judeu contra o sionismo!
Sempre será recordado!

http://mauricio-tragtenberg.blogspot.com/

Palestinos: o Dia da Terra
por Maurício Tragtenberg**

Amanhã, dia 30, o povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo Estado em Israel.

Como acontece nessas ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.

Enquadrada no plano da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.

Através da Ordenança Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.

Uma das iniciativas que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros – na realidade palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.

A Universidade d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.

O fechamento temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.

Com o fim de vencer a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode assim ficar durante 48 dias.

O “tratamento” é o mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.

O presidente do Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974, não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros palestinos são torturados.”

Porém, a Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca significativa aberta à consulta pública.

Os dados a respeito da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.” (Le Monde Diplomatique, julho de 1984).

É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado; vencido nunca.


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* Publicado in: Folha de S. Paulo, 29.03.1985; e, também, na Revista Espaço Acadêmico, nº. 28, setembro de 2003, disponível em http://www.espacoacademico.com.br/028/28mt_02041984.htm
** Maurício Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração, Poder e Ideologia".

Premier palestino apresenta programa para Estado palestino em 2011

RAMALLAH, Cisjordânia (AFP) - O primeiro-ministro palestino Salam Fayyad apresentou nesta terça-feira um programa de ação do governo que prevê a criação de um Estado palestino até 2011, sem esperar os resultados das negociações com Israel, que rejeitou qualquer proclamação unilateral.

"Devemos atuar para continuar com a edificação de um Estado, apesar da ocupação e para acabar com esta", declarou Fayyad depois de ler o programa de seu governo em Ramallah.
"A criação de um Estado palestino soberano é indispensável para a segurança e a estabilidade de nossa região. Apesar de sermos conscientes da ameaça que representa a continuidade da colonização israelense para a solução baseada em dois Estados, nosso governo segue fiel aos programas da OLP e da Autoridade Palestina para criar o Estado independente com Jerusalém como capital e nas fronteiras de 1967, nos próximos dois anos", completou Fayyad.
O programa apresentado por Fayyad define "os objetivos e as ações que encabeçam as prioridades da Autoridade Palestina para os próximos dois anos", em aspectos que vão desde a segurança às infraestruturas, passando pela justiça e os serviços sociais.
No âmbito das infraestruturas, o documento prevê, entre outras coisas, a reconstrução do único aeroporto palestino em Rafah (sul da Faixa de Gaza), bombardeado em várias oportunidades por Israel durante a Intifada.
"Estou confiante. Nosso povo apoiará estes objetivos com sua solidariedade e sua determinação de acabar com a ocupação e estabelecer seu Estado independente, vamos triunfar", prometeu Fayyad.
"A criação de um Estado palestino nos próximos dois anos é um dever e uma tarefa realizável", insistiu.
Também insistiu na celebração de novas eleições gerais nos territórios palestinos em janeiro de 2010.
No entanto, o ministro israelense das Finanças, Yuval Steinitz, qualificou as declarações de Fayyad de "decepcionantes".
"As palavras dele vão contra os acordos assinados entre as duas partes. Não há espaço para decisõs unilaterais nem ameaças. É evidente que um Estado palestino, qualquer que seja sua forma, não se concretizará se os imperativos de segurança de Israel não forem levados em consideração", afirmou Steinitz.
O premier israelense Benjamin Netanyahu aceitou em 14 de junho o princípio de uma solução baseada na criação de um Estado palestino, mas apresentando ao mesmo tempo uma série de condições que impediam uma verdadeira soberania.

domingo, 16 de agosto de 2009

O fascismo israelense

Segue um texto do Maurício Tragtenberg, um intelectual judeu, que se posicionou a favor do povo palestino e contra o Estado de Israel. Tragtenberg é um dos grandes mestres para todos os que almejam um socialismo libertário e autogestionário. E é preciso lembrar, que ser contra o sionismo não tem absolutamente nada a ver com ser contra os judeus ou anti-semita. Pelo contrário, qualquer judeu que tenha um mínimo de coerência com a tradição humanista judaica e de esquerda, irá se posicionar criticamente em relação ao fascismo do estado de Israel e assumir a defesa do povo palestino. Nao queremos nem o nazismo, nem o sionismo.
O fascismo israelense
Por MAURÍCIO TRAGTENBERG
Textos Políticos- In Memorian Menachem Begin visto por Einstein, H. Arendt e N. Goldman
Deu-se o massacre dos palestinos dos campos de Sabra e Chatila por obra dos assassinos chefiados por cel. Haddad, com conivência e participação, isso após a morte do traficante de haxixe Gemayel, novo “Quisling” imposto pelas tropas de ocupação.Por tudo isso, ser fiel à tradição judaica é condenar mais este genocídio praticado contra o povo palestino. [1]É necessário acabar de vez com o etnocentrismo que toma a forma de judeu-centrismo, onde o massacre de judeus brancos por brancos europeus tem um status diferente do massacre dos armêmios pelos turcos, dos negros africanos pelos traficantes de escravos, dos chineses na Indonésia. Assim, Auschwitz é elevado a potência metafísica. Sou um dos últimos a minimizar as atrocidades cometidas em Auschwitz, porém, as lágrimas de outros povos não contam?Esse massacre de palestinos, a esclada militar no Líbano, a expropriação das terras de camponeses palestinos à custa dos quais fundou-se o Estado de Israel, são consequências da hegemonia em Israel do bloco religioso ao fascismo, que tem em Begin sua maior expressão. Compreender o “fenômeno Begin” é condição indispensável para compreensão de um fenômeno que transformou o Estado de Israel na Prússia do Oriente Médio.Já em 1948 Begin era criticado numa carta publicada pelo “New York Times” a 4/12, assinada por Albert Einstein e Hannah Arendt, entre outras personalidades judaicas e não judaicas.Já era chamado de terrorista, acusação que ele no poder faz contra os palestinos indiscrinadamente. Muito mais, denunciava a carta que entre os fenômenos mais pertubadores de nossa época está o aparecimento do Tnuat Haherut, partido político semelhante por sua organização e métodos totalitários aos partidos Nazitas e Fascista. Acrescentava a carta que a visita de Begin aos EUA era para dar impressão de que ele dispunha do apoio norte-americano. Argumentavam os autores da citada carta ser inconcebível que aqueles que se opunham ao fascismo através do mundo, se corretamente informados sobre os antecedentes do sr. Begin, apoiassem suas iniciativas. Segundo Hannah Arendt e seus companheiros, hoje em dia ele (Begin) fala em democracia e liberdade, mas até há pouco pregava abertamente a doutrina fascista. Einstein e os demais subscritores da carta criticam como prática fascista o massacre de camponeses árabes da aldeia de Der Yassin.A 9/4/48 o bando terrorista da “Irgun” massacrou 240 habitantes, levando os poucos sobreviventes para uma parada, exibindo-os como cativos nas ruas de Jerusalém. Enquanto a “Agência Judaica” desculpava-se por esse massacre fora dos planos, os adeptos de Begin convidavam os correspondentes estrangeiros no país para ver os corpos empilhados em Der Yassin.Segundo Einstein, Hannah Arendt e mais 24 intelectuais que assinaram a carta, o partido do sr. Begin prega um ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. A carta critica “Irgun”, por espalhar o medo entre a comunidade judia na Palestina, espancando intelectuais judeus que o criticam, tentando intimidar a população judia com assaltos e depredações. Conclui a carta que Beguin tenta substituir a liberdade sindical por um modelo corporativo “nos moldes do fascismo” e que seu partido traz a marca do Partido Fascista, para quem o terrorismo contra ingleses, árabes e judeus é um meio e a construção do Estado Fascista Autoritário, a finalidade.Na mesma linha de pensamento está baseada a entrevista que Nahum Goldman, ex-presidente do Congresso Mundial Judaico, concedeu à revista alemã “Der Spiegel”, pouco antes de falecer.Segundo N. Goldman, a política agressiva de Beguin reforçará no mundo o anti-semitismo. Condena como ação criminosa o bombardeio de Beirute. Esse homem não quis se tornar cidadão israelense, nem participar do governo de Israel. Nutria a firme convicção de que não haverá futuro para o Estado judeu sem acordo com os árabes.É necessário compreender que Beguin é fruto de uma formação ideológico-política inerente ao Movimento Revisionista criado por Jabotinsky. Esse Movimento adotava a saudação fascista, estilo militar e camisas negras. Um de seus líderes, Aba Haimeir, colaborava no jornal israelense “Doar Hayom” numa seção intitulada “Diário de um Fascista”.Em 1922 Jabotinsky escreve carta entusiasmada a Mussolini. Este em 1924 envia seu representante, Dr. Mancini, à Palestina para conhecer o Partido Fascista Judeu.O Primeiro Congresso do Movimento Revisionista de Jabotinsky-Beguin se realiza em Milão em 1932, tendo como slogan “Ordem Italiana para o Oriente “. Devido o apoio do Movimento Revisionista à guerra de Mussolini contra a Etiópia, a agência noticiosa fascista “Oriente Moderno” saudava o Congresso Revisionista realizado em 1935.A partir de 1935, quando se tornou público o universo concentracionário criado por Hitler e seu anti-semitismo militante, o Movimento Revisionista prudentemente afasta-se de Mussolini. Isso não o impede de organizar na Palestina bando de “fura-greves”, criar uma central sindical paralela com o nome de “Histadruth Aleumit” e praticar terrorismo contra organizações operárias na Palestina. São os culpados pelo assassinato do dirigente sindical operário Alrosoroff. Recrutavam seus membros entre a classe média de origem polonesa, em crise e sensível à demagogia fascista. Jabotinsky e Beguin eram comandantes do “Irgun” e o mentor político do fascismo era o rabino Bar-Ilan, conforme o historiador Yehuda Baer (”The Arab Revolt” vol.9, n.7,Set 1966).Quem sabe isso poderia permitir a compreensão do massacre de palestinos no campo de Chatila, “onde ninguém foi deixado vivo para contar o que aconteceu”. (FSP 19/9, fl. 15).Já no início do século, Judah L. Magnes, presidente da Universidade Hebraica de Jerusalém, desiludido com o jovem Estado de Israel, morria nos EUA, não sem antes advertir profeticamente: “Um Estado judeu só pode ser obtido pela guerra. Falai a um árabe do que quiseres, menos de um Estado judeu. Porque isso significa por definição que os judeus governam outros povos que vivem no Estado judeu. Exorcizado, excomungado, viu o movimento sionista adotar suas idéias. Escrevia ele: ‘Já se viu um povo doar seu território por vontade própria? Os árabes da Palestina não renunciarão sem violência. Conclui J. L. Magnes, essas coisas são adotadas por aqueles que o excomungaram.” (In Essais on Zionism and Jewish-Arab Cooperation, ed. Martin Buber, Jerusalém 1947, págs. 14/21.)Não há povos inocentes ou culpados. O povo de Israel que saiu às ruas para protestar contra o massacre de palestinos não pode ser responsabilizado por um governo genocida, fruto da aliança clerical-fascista.Seria o mesmo que dizer que todos os alemães são nazistas, quando é sabido que o “Holocausto” começou na Alemanha, quando Hitler assassinou 60.000 líderes sindicais alemães.O que favorece o anti-semitismo latente no mumdo é a escalada militar e o genocídio que a acompanha. A crítica pública a essa política é o primeiro dever de quem não renunciou à tradição humanista judaica, presente em Einstein, Hannah Arendt e nos críticos atuais.Tem como um de seus fundamentos um preceito do Rabi Hilel, que, antes do surgimento de Jesus de Nazaré, ensinava: “O que condenas não o faças a outro. Eis toda a Lei, o resto é só comentário.” (Thalmud da Babilônia, cap. Sabath, 31. )
(1) - O correspondente do “Newsweek” em beirute revelou que os israelenses participaram do massacre nos campos de refugiados, encurralando os civis palestinos para que os milicianos libaneses pudessem liquidá-los. (FSP 20/9/82 fl.6). Sem Comentários._______________________________________________________*
Mauricio Tragtenberg é professor do departamento de Ciências Sociais da Escola de Administração de empresas da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas, autor de “Burocracia e Ideologia” e “Administração, Poder e Ideologia”.

sábado, 15 de agosto de 2009

Refugiados palestinos no Brasil - descaso e sofrimento

DENÚNCIA PÚBLICA

O dinheiro destinado aos refugiados palestinos não saem do bolso dos brasileiros e sim da ONU. É importantíssimo que essa informação seja tornada pública para desfazer interpretações erradas por parte de alguns. Ademais, o povo palestino não tem um país, pois este lhe foi roubado, forçado por bombardeios e tiros a fugir para dar lugar à instalação do estado de Israel, com o aval do Brasil, inclusive.

A soma a ser aplicada na subsistência e adaptação dos 117 palestinos que chegaram em 2007, conta-se em milhões de dólares, dinheiro mais do que suficiente para que o governo brasileiro criasse uma estrutura eficiente para atendimento aos refugiados até que eles saíssem da situação de risco social em que se encontram, ainda hoje, já no final do prazo previsto para término da ajuda humanitária da ONU.

O programa de reassentamento “solidário” da ACNUR tem validade de dois anos e iria até setembro, outubro e dezembro, dependendo do mês em que foram trazidos para o Brasil, mas, muitos dos refugiados já foram excluídos do programa, indevidamente pela ACNUR. E, não é exagero afirmar que, pela ineficácia do programa, todos eles já estão excluídos desde o início do programa.

Por parte da Cáritas, entidade à qual é atribuída pela ACNUR a aplicação do programa de ajuda humanitária, eles recebem além do descaso, o cinismo, a humilhação, a intimidação e a criminalização. Não são atendidos com atenção e respeito que merece um ser humano, principalmente, em se tratando de pessoas prestes a perderem suas moradias, alguns com sérios problemas de saúde, necessitando de acompanhamento médico e cirurgias e sem perspectivas de conseguirem reconstruir suas vidas, devido às falhas do programa de reassentamento assinado entre o Brasil e a ONU.

Falo como testemunha ocular, e auditiva dos refugiados que estão em Mogi das Cruzes. Ainda ontem fui impedido por força policial, chamada pela Cáritas (pela segunda vez em três dias), para que eu não pudesse acompanhar um refugiado numa conversa com a entidade. Felizmente, levei uma advogada solidária aos palestinos que a cáritas não teve como impedi-la de entrar e participar da conversa.

Algo tem que ser feito com a urgência que o caso requer. A Cáritas de Mogi das Cruzes está agindo arbitrariamente, como se estivesse acima das leis.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Além de não ajudar, agora a Cáritas quer criminalizar os refugiados

Vou relatar um fato muito grave que aconteceu ontem a tarde e peço muita atenção a todos que se solidarizam com a causa dos refugiados palestinos.

A cáritas convocou o Hossam na data de ontem para lá comparecer, sob o pretexto de fazer um reembolso de remédios que o Hossam comprou para sua mãe nesses três meses em que ela esteve entre nós. Foram para lá o Hossam, a Huda, a Aysha e eu, como testemunha. Chegando lá, o que se viu foram tentativas por parte da Cáritas de justificar o injustificável, a mesma ladainha de sempre que os refugiados já estão cansados de ver e ouvir pessoalmente ou através de declarações da entidade na imprensa. Todas as argumentações das duas funcionárias da Cáritas, Shirley e Elisa, eram no sentido de desqualificar as reclamações dos refugiados, mas em nenhum momento se dignaram a perguntar como estava a saúde dos familiares dos palestinos.

Em dado momento, a Aysha irritou-se com a Shirley e segurou-lhe pela blusa, não chegando a consumar-se uma agressão física, mas, mesmo assim, imediatamente a Shirley, foi para outra sala e telefonou para a polícia. Chamei um advogado amigo meu e fomos todos para a delegacia e foi feito um boletim de ocorrência contra a Aysha, constando artigo 21 no B.O.

É importante frisar que a Aysha foi incluida juntamente com a Sra. Nuzha e seu sobrinho de 09 anos de idade no programa de reunião familiar da ACNUR, está há três meses no Brasil sem que até agora tenham ficado prontos os documentos dos três, previstos no Estatuto do Refugiado, não fala nada de português, teve a noticia da morte de seu marido em Gaza quando estava recem chegada em Mogi, perdeu sua irmã Nuzha que faleceu no último dia 27/07 por pura negligência da Cáritas, seu sobrinho tem passado por crises violentas de asma, com o conhecimento e negligência da Cáritas que não tem lhe prestado a assistência devida, não receberam até o momento nenhum pagamento do auxilio subsistência previsto no convênio de reassentamento. A Nuzha era cirurgiada da coluna vertebral e por isso precisava de um colchão ortopédico, mas recebeu da cáritas um colchão de espuma, o que a obrigava a dormir no chão, o que pode ter causado a água nos pulmões que provocou o agravamento dos seus problemas de saúde que a levou à morte.

Foi uma cena fabricada pela cáritas essa de hoje, na tentativa de criminalizar os refugiados palestinos.

Sendo assim, daqui em diante, sabemos que armadilhas como essa são armadas para gerar argumentos contra os palestinos, em represália à ampla cobertura que tem sido dada nos jornais sobre a negligência da Cáritas/ACNUR em relação aos refugiados. A sociedade está de olho!
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